A MINA
A superfície sumia na forma de luz distante e em minutos tudo o que se veria seriam as lanternas sobre os capacetes dos mineiros, além do mórbido balançar dos cabos do elevador da velha mina. Uma rotina cumprida à escuridão,
A superfície sumia na forma de luz distante e em minutos tudo o que se veria seriam as lanternas sobre os capacetes dos mineiros, além do mórbido balançar dos cabos do elevador da velha mina. Uma rotina cumprida à escuridão,
Lascou! Não tem lugar pra trabalhar!
Eu vou – vou voltar pro Ceará!
Cavalgando a mula manca
Que eu peguei do véi Venâncio
Viajei sem ter descanso
Pro sertão do Ceará
Já morei em Barcelona
Inglaterra e no Arizona
Mas agora eu tô na lona
Vou voltar pro meu
Foi agora de manhã
Ou há dez anos atrás
Quando meu mundo parou
Lá no sertão de Goiás
Se você não me conhece
Ou talvez já se esqueceu
– Sai da rua! Vem pra casa…
– Alcoolgélson, filho meu!
– Ô meu pai, seu Pandemilson!
– Abre a porteira
Construímos juntos, tu e eu
Nossa bela torre de marfim
Pusemos em cada canto nu
Um sentimento
Em cada degrau, um alento
O tapete ao chão estendido
Na brancura se fez
Das sancas um inefável amor
A base era sólida
Corria pelos dedos nossos
O concreto da vida
No seu cume
Dentre os piores pecados que um ser humano pode cometer, a ingratidão tem lugar de destaque. Esse mau costume de não reconhecer esforços de outros em seu benefício, direta ou indiretamente, impinge aos seres a desagradável fragrância do egoísmo. Tal
POEMA PANFLETÁRIO
(aos amigos da Sociedade da Jaboticaba)
Insurjamo-nos!
Munamo-nos de armas!
Armas culturais…
Contra o sistema que nos oprime!
Se custa-nos ver o idílio…
O leite e o mel derramado…
Na paisagem terrena…
Recalcitremo-nos, pois,
Por meio das bombas simbólicas da crítica mordaz!
Ponhamos
É muito complicado escrever sobre o que não se conhece. Confere uma sensação de falsa erudição ou sabedoria forçada, autocomplacente, circunscrita a compromissos inegáveis do cotidiano, da vida.
Essa nossa vida atual: acordar, deglutir agrotóxicos e trigo geneticamente alterado, correr e
Quando criança, pensava que a vida era simples. Na semana, o colégio; no fim-de-semana, diversão em algum clube, praia ou incursões em casas de amigos. Quando o absoluto tédio o assolava descobria, em jogos de tabuleiro (distantes reminiscências dos anos
Certo dia, conversando em uma festa com alguém em comum, foi-me revelado um novo estilo de lidar com a memória familiar, a afetividade e a privacidade. Meu interlocutor, pai recente, me contava de sua felicidade em descobrir-se criador. Como um
Ele apodrecera
Dentro de si mesmo
Preenchendo o vazio
Com hordas de pedra, metal e carne
Cada golpe do cinzel
Cada apunhalada da vida
Cumpria o destino seco e inerte
Molde-abscesso, expiação sua
A natureza do mármore
A frieza do metal
A inconstância da carne
Avesso do vazio à língua muda
A
Existem aqueles que devotam às mudanças o cerne das análises da vida. Em seu escorço
buscando fixar parâmetros mutáveis do real vivido criando modelos dinâmicos. Tais
moldes propõem captar o caminhar perene do respirar da vida. Como o universo em
constante mutação… vivo