MALDITA LIBERDADE

Não é verdade que um paulistano se mate por amor. Lá embaixo há muitos deles. Quem poderia pensar que são tantos? Um rio. Gente. Surrela. Nenhum deles se mataria por amor, nenhum dos autênticos. Quais são os autênticos? Os filhos da gente que veio de fora já são autênticos. Se eu tivesse uma filha, ela […]
Hyulla e Beatriz

Já fui sincero e puro num mar de lama, eu era lama, caos originário da vida, e era também ingenuidade – extrema pureza d’alma. Lembrei hoje de Hyulla e Beatriz. E do Velhinho, o Coelho. E do camaleão que matei antes de dar nome depois de tanto querer ajudar. Na época memorialmente mais terrível e […]
Sobre os meus ídolos

Grande parte dos meus ídolos moram aqui e dos meus heróis, também. Tudo gente simples, livre, criativa, sensível e anônima. Quase nenhum deles se benze. Nunca aprenderam a bater continência, mas batem tambor com maestria. Alguns não sobem ao palco há tempos e os que sobem nunca tiveram camarins. Os figurinos são dos mais finos: […]
ENTREVISTO-ME: RESPONDEM OUTRAS VOZES, por Luciano Moreira (Xykolu)

Já revelei aqui, neste generoso espaço em que me alargo no que sinto, penso, vejo, lembro, vivo, sou, algumas manias que, no curso da vida, revestem circunstancialmente o meu bem peculiar modus vivendi, ora ressaltando a principal delas – na verdade, parodiando um verso de música do cancioneiro popular –, qual seja “dentre as […]
Cinco segundos

Cinco segundos Cinco segundos, esse foi o tempo necessário para mudar a minha vida por completo. Quando vi aquelas duas listras verticais no teste de gravidez pensei em todas as coisas que deixaria para traz ou em stand bye. Na graduação que ainda não tinha concluído, no casamento que tinha acabado de começar, na carreira […]
E Acácio visitou o Velho Mundo – CLAUDER ARCANJO

Disseram-me que Companheiro Acácio, sumido há dias, encontrava-se em terras europeias. — Acácio no Velho Mundo deve nos trazer novidades — cá falei comigo e minhas certezas. Na manhã seguinte, rodei a cidade em sua busca. Fui à livraria, marquei ponto na cafeteria que ele sempre frequenta, postei-me cedo na banca de jornais em que […]
COM OS OLHOS DA LEMBRANÇA, por Luciano Moreira (Xykolu)

Em O cheiro de Deus, o escritor mineiro Roberto Drummond, mestre do realismo sobrenatural, logo num dos primeiros capítulos de uma narrativa arrebatadora – que envolve fé, esperança, alegria e rebeldia, além do coração do mundo, da água matando a sede, da canção do mundo, da febre do incesto e do cheiro do suor dos […]
Um expresso devir de se expressar – Sérgio Costa

Seria pretensão demais afirmar que, só por tocar um instrumento ou fazer alguns shows de vez em nunca, eu tenha qualquer pretensão de ser famoso. Ou sequer me chamar de “artista”. Acredito bastante que o aspecto de demonstrar alguma habilidade ou obra cultural não necessariamente desperta o elemento chamado “fama”. E só dizer que toco […]
CONVERSA NO PARQUE – Matematicamente insustentável, por Luciano Moreira (Xykolu)

E a conversa, fluindo no curso de sua trilha natural, prolongou-se, agora, por onde o futebol – ontem, apenas o ópio do povo, com campos de várzeas que fabricavam verdadeiros gênios da bola e estádios de alambrados e arquibancadas de madeira ou apenas cimentadas, sem falar na “geral” desprovida de assentos, os quais acolhiam milhares […]
Os lusíadas alencarinos
Dentre os piores pecados que um ser humano pode cometer, a ingratidão tem lugar de destaque. Esse mau costume de não reconhecer esforços de outros em seu benefício, direta ou indiretamente, impinge aos seres a desagradável fragrância do egoísmo. Tal atitude envergonha a própria espécie, habitante do reino social, com algo de incivilidade e soberba, […]
Sebastião menino
P. No que você ainda acredita, Sebastião? S. Como assim? P. Sebastião menino que foi brigar num flanco do Marrocos contra mouros e nunca voltou. (Risos) S. Revolução; nunca deixei de acreditar e lutar por ela. Só fiz autocríticas de como estava conduzindo isso. P. E o que essa palavra significa na sua boca, que […]