Grande parte dos meus ídolos moram aqui e dos meus heróis, também. Tudo gente simples, livre, criativa, sensível e anônima. Quase nenhum deles se benze. Nunca aprenderam a bater continência, mas batem tambor com maestria. Alguns não sobem ao palco há tempos e os que sobem nunca tiveram camarins. Os figurinos são dos mais finos: alegres, bordados e de cores fortes, vibrantes. Boa parte é chamada de comunista e quando em vez: foram. E quando em sempre: são. Hasteiam suas bandeiras na “cara dos caretas”. São vermelhos, furta-cor, camaleônicos. Meus ídolos e meus heróis não possuem mais que dois sobrenomes. A maioria deles é Silva! Não costumam perguntar de onde você veio e nem o que faz da vida. O importante pra eles, é que vocês sejam quem são…e que os sintam, os vejam, os ouçam. Não usam dourado. Dançam côco, brincam de boi bumbá e vestem-se de “Catirinas”, são maracatus, capoeiras, são circo, teatro e carnaval. Pra gente chegar perto – meus senhores – tem que rasgar títulos, baixar patente e desaprender tudo enquanto for pronome de tratamento.