Sobre Pedro Henrique

"Anota aí: eu sou ninguém"

Nos tempos do cólera

Ao amigo Léo Nascimento
Nos tempos do cólera, eu também peguei a peste. Minha boca ressecou, tive febre, falta de ar e quase não me levantava da cama, como se a dinâmica de todos os quatro elementos de alguma maneira emperrasse:

Sobre o mundo após a pandemia

Querem saber como ficará o mundo após o fim do mundo; querem saber como será o dia após o último dia. “Só rindo”, como O Cobrador de Rubem Fonseca. Acho que não ouviram falar que desde a morte do último

É isto um homem?

Nunca li Primo Levi, apenas o conheci indiretamente mediante Giorgio Agamben, no seu livro O que resta de Auschwitz? Mas acordei com sua pergunta na cabeça, soando aos ouvidos: É isto um homem? (Ist das ein Mensch?). Não é preciso

Teatro social do desmanche

Paulo Arantes, em seu livro O novo tempo do mundo (2014), especificamente em uma curta entrevista intitulada Em cena, aponta para uma série de questões bastante proveitosas a uma leitura atenta. Sem nenhum contorno, a espinha dorsal do problema chama-se

Rodopio Sufi

Ela tinha um nome do qual não me lembro.
E uma face que hoje é turva, dentro de mim.
Ela tinha um sorriso dela,
E um abraço… que só ela sabia me dar.
Ela vislumbrou comigo tanta coisa…
Um café com bolacha de

PALAVRA

Cada palavra é uma aposta
fugaz como a noite,
e fria e corta
tal como o tempo.
Cada palavra é uma encosta
pressionada à força do vento.
Cada palavra é um sopro,
um grito, um gemido,
uma dor, um alento.
Cada palavra é um dom
gratuito som e

UM DIA

Um dia, do alto de sua Pinacoteca imaginária, alguém há de escrever seu tratado sobre o tempo; uma breve história do tempo sem cálculo, piscadelas, duração, infinitude. Na gota do oceano o oceano inteiro, ouviu no rádio e rabiscou no

Asja Lascis já não me escreve

Asja Lascis não me escreve mais – todo o silêncio divino na boca de uma mulher. Asja Lascis não me escreve, não telefona, não manda “Zap”, e-mail, nenhum pássaro ou garrafa com carta dentro ou no bico; simplesmente já não