Sobre Pedro Henrique

"Anota aí: eu sou ninguém"

A carroça de Arjuna

Arjuna está numa carroça, indo para o campo de batalha. Chega Krishna… Todo poeta tem uma musa, seja ela uma mortal, seja ela uma ninfa filha do esperma de um Urano qualquer, que perdeu o falo para um filho Cronos qualquer.

Modernos, com estrondo e gemido

Paulo Arantes, em O novo tempo do mundo (2014), delimita, na senda dos conceitos de Reinhart Koselleck (Crise e Crítica), que a fratura fundamental do moderno tempo do mundo se estabelece entre espaço de experiência e horizonte de expectativa. Robert

Canteiro de obra

Cláudio Oliveira escreve um posfácio ao livro O homem sem conteúdo (Editora Autêntica), de Giorgio Agamben, intitulado Da estética ao terrorismo: Agamben, entre Nietzsche e Heidegger. O intuito aqui não é tratar do posfácio, mas do que sua leitura incitou

Luz orvalhada da manhã

Luz orvalhada da manhã penetra na janela entreaberta em que dorme o casal. Doces são os gostos na boca de amantes recentes, como são amadurecidos os de longa data que não perderam o viço, pois o tempo os melhorou como

Diurno

A guerra não é um acontecimento total e estético, como proclamavam os fascistas de Marinetti: “(…) A guerra é bela, porque inaugura a metalização onírica do corpo humano”. Nenhum elogio à velocidade ou à exaustãonestas palavras. Entanto, a rua em

Noturno

Se a lua está crescendo ou minguando, não sei; sei que tornei-me novamente noturno. Não esperava. A lagoa está lá; estão lá as ruas silenciosas e as casas penumbradas. Penumbrado estou, sem nada esperar de fantasmas ou amigos. Velhos camaradas

Benjamin: nem os mortos estarão a salvo

No texto-ensaio Experiência e pobreza, Benjamin realça um traço peculiar dos criadores, tiveram que lidar com pouco: “Entre os grandes criadores sempre existiram homens implacáveis que operaram a partir de uma tábula rasa. Queriam uma prancheta: foram construtores”. No caderno

Bunda de saúva torrada na boca

Arapuã selvagem impregnou no cabelo do menino. Deu dó. Mas o menino era do mato e do mato sabia-se menino-arapuã selvagem correndo e gritando e gostando do gosto da bunda de saúva torrada na boca. Era inverno.
Chovia enquanto fazia sol

Uma estrela no céu, outra no mar

Eu tenho um amigo que eu nunca vi
Ele esconde a cabeça dentro de um sonho
Alguém deveria chamá-lo e ver se ele pode sair
Tentar perder a tristeza em que ele se encontra
(Neil Young)

A Valdo Barros

Além das estrelas. No entanto, aqui. Aqui

Futuro do passado

Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota prensando um rosto humano para sempre. (Georg Orwell, 1984)
Já faz um certo tempo que ultrapassamos 1984. Me sinto mais próximo de Airton, daquele capítulo “Esboço biográfico da juventude do