Um aforismo respirável de Pascal
Mas como é que se explica saudade? Como é que se explica a coisa Que nunca tem sentido e sempre tem razão? Como é que se explica o ar quando se respira E como é que se explica quando falta? Surgiu feito uma planta inesperada; Feito tudo que sempre foi desde que surge; Surgiu e […]
INCONFIDÊNCIA DA BARRA DO CEARÁ
Para Reginaldo da Silva Domingos, Metafísico chamado, e os seus, Para Rafael Caldas Moreira, em desertos o Chacal, Para Loreto e Marlon, nos oceanos e fora deles, ahoy, Pois que mesmo no asfalto é oceano a vida, E vale nos aléns a profecia do Conselheiro Deus me livre de um instinto gratuito de vingança Que […]
O ESPECTRO ENTEDIADO DO MUNDO SEM TETO. A OBRA DE EDUARDO FRANCELINO, ATÉ AGORA (XVIII)
XCVI De nada me valem as palavras de alguém que não esteja ou não se sinta no mundo; as palavras de Deus ainda podem me importar porque é o próprio mundo de algum modo que deve estar nele. A segunda questão se concentra em saber se Deus existe, quem é, ou o quê, onde estão […]
O ESPECTRO ENTEDIADO DO MUNDO SEM TETO. A OBRA DE EDUARDO FRANCELINO, ATÉ AGORA (XVII)
XCV O homem das duas corcundas subiu a misteriosa montanha do dia e da noite. A montanha surgiu de repente, sem que nenhum de nós percebesse, e instaurou uma tragédia com a qual nos conformamos de imediato: a montanha paralisou e dividiu o dia e a noite, o que quer dizer que a partir do […]
TODO ARTISTA É UM ARTISTA DA FOME QUE NINGUÉM PERCEBE
O espectro entediado do mundo sem teto. A obra de Eduardo Francelino (até agora). Texto XVI. Aforismo XCIV. É inescapável: não é nenhum tipo de romantismo que está em jogo, ou no final das contas é sim, o romantismo piegas, talvez, da história sentimental a mais manjada. E olha que está naquilo que podemos chamar […]
O ESPECTRO ENTEDIADO DO MUNDO SEM TETO: A OBRA DE EDUARDO FRANCELINO, ATÉ AGORA (XV)
XCI O desejo por fama não é mais que um desejo indireto e perverso das satisfações do corpo as mais primárias e carnais, que em si mesmas nada têm de errado: essas gerações secundárias e derivativas é que tendem sempre a algum tipo mesquinho da desonestidade que se cobre sob várias peles ardilosas. Quando não […]
NUNCA MAIS: BRASIL
O campo aberto aponta o sol inalcançável, Como se fora uma explosão repentina, E para nenhuma outra direção conseguimos olhar. O espírito que tudo nega finge o choro e pede a piedade: Sabe que depois da vitória infame virá o julgamento, Ou nada, e o seu vazio se revela a si mesmo sem máscaras possíveis. […]
O ESPECTRO ENTEDIADO DO MUNDO SEM TETO: A OBRA DE EDUARDO FRANCELINO, ATÉ AGORA (XIV)
LXXXI O vazio da linguagem é inalcançável; seu vácuo suga todas as coisas sem que elas pareçam sair do lugar. A linguagem dá sentido ao que alcançam os olhos, e de algum modo uma colocação hierárquica. Não é inocente o olhar onde houver a linguagem, nem é inocente a linguagem desde que seja conhecida. A […]
O ESPECTRO ENTEDIADO DO MUNDO SEM TETO: A OBRA DE EDUARDO FRANCELINO, ATÉ AGORA (XIII)
LXVII Ainda precisamos de olhos mesmo depois que cansamos dos nossos próprios corpos, quando já não nos iludimos com eles, quando deles já não esperamos mais do que cansaço e o mais parecido com o prazer que nos podem proporcionar é o alívio das dores. E ainda precisamos de olhos porque ainda que o corpo […]
O ESPECTRO ENTEDIADO DO MUNDO SEM TETO: A OBRA DE EDUARDO FRANCELINO, ATÉ AGORA (XII)
LXII Não importa a geografia; todos os desertos são circulares. Não tanto no sentido óbvio em que suas beiradas, então, fariam um caminho circular no qual qualquer ponto pode ser ao mesmo tempo ponto de chegada e de partida e nenhum possa ser considerado, a princípio, nem como uma coisa nem como outra. (É quase […]
O ESPECTRO ENTEDIADO DO MUNDO SEM TETO: A OBRA DE EDUARDO FRANCELINO, ATÉ AGORA (XI)
LVIII Aristóteles reduzia ao seu próprio absurdo as ideias dos seguidores de Euclides de Mégara. Os megáricos chamados não acreditavam na diferença entre a potência e o ato nem da mudança dos estados. Diziam, portanto, que ser um arquiteto só se pode dizer que é um arquiteto enquanto constrói a casa; pode vir a construir […]