O campo aberto aponta o sol inalcançável,
Como se fora uma explosão repentina,
E para nenhuma outra direção conseguimos olhar.
O espírito que tudo nega finge o choro e pede a piedade:
Sabe que depois da vitória infame virá o julgamento,
Ou nada, e o seu vazio se revela a si mesmo sem máscaras possíveis.
Já não somos crianças;
Nunca nos tornaremos adultos;
A velhice nos espera.
Os vivos insistem com os mortos
Para que percam uma paz que nada lhes tira,
A paz que desejam sem se desapegar da vida.
Fincamos os pés na terra, desejosos de que as raízes brotem,
Da própria terra ou dos próprios pés,
Ou de uma mútua relação de amor,
Que já não existe: a terra não mais que areia seca,
Da qual os vivos querem sugar um resto da paz
Que não lhe pode ser tomada.
Já não somos crianças;
Nunca nos tornaremos adultos;
A velhice nos espera.
Os infiéis da arte diziam que a arte sussurrava mentiras;
Já não há arte que dê mais o mais tímido suspiro.
Até os infiéis da arte, pequenos espíritos que tudo negam,
Calados, sentem falta do que chamavam mentira.
Os fiéis tentam permanecer fiéis, embora já não saibam de quê.
Já não somos crianças;
Nunca nos tornaremos adultos;
A velhice nos espera.
O campo aberto aponta o sol inalcançável.
Já não desejamos a morte dos inimigos:
Seria desejar a bênção que nós mesmos aguardamos,
De que nos tornamos avaros e egoístas,
A morte que, perversos e equivocados, esperamos
Que frutifique.
Não somos mais crianças.
Nunca nos tornamos adultos.
E apenas fingimos que esperamos
Uma velhice que se instaurou
Há muito.