Memórias de um feminino insubmisso – Pedro Henrique
Simone de Beauvoir não se intimidou diante de Sartre. Sartre é bem ruim frente a ela e a Camus. Antígona, filha de Édipo, enfrentou Creonte porque queria o devido enterro do irmão. Cecília Meireles, Clarice Lispector, Raquel de Queiroz, Bárbara de Alencar, Helena Blavatsky. Quantas mulheres não se afirmaram ao longo do tempo? Não repute […]
Baile de máscaras dos sete selos – Pedro Henrique
Retornando da guerra, aquele nobre cavaleiro cruzado, Antonius Block, reencontra sua Ítaca sueca, acompanhado de seu Sancho, o vassalo escudeiro Jöns. Um retorno nada festivo, mas penitente, àquela média Europa de fim de era – de fim de ciclo –, de fim dos tempos – de fim de mundo –, diante do Juízo flagelador batizado […]
Excertos – por Pedro Henrique
Há no atual fracasso da esfera de produção de mercadorias, de regulação política, da esfera artística, educacional e de produção intelectual, dentre as demais esferas da sociedade moderna, um mesmo problema: o da decomposição dos laços sociais diretos num mundo de cisões. A vida na modernidade é um ponto de interseção entre esferas ao ponto […]
Cartas amorosas. por PEDRO HENRIQUE
“Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas.” (Álvaro de Campos) I Me desculpe a falta de jeito, o abraço acanhado, me desculpe as palavras não ditas, o meu silêncio, me desculpe a indecisão. Espectros de mim que ainda me rondam. Além do pedido de desculpas, […]
Flor e som – por Pedro Henrique
[Flor renitente] é preciso ser radical como uma flor que irrompe o asfalto e o enfeiamento do mundo; que envergonha a música presente (cada vez mais barulhenta); que contorna a barbárie de quem a alimenta e por ela é consumido; que cora a face da poesia ruim, medíocre; que realiza o que pintores […]
Pseudoprotopoemas de Vicente de Magalhães ou: a lira desafinada dos vinte anos tortos – por Pedro Henrique
[Arte poética] A caneta. O lápis. Uma ponta de faca desenhando a sangue Pensamentos Palavras Sentimentos embebidos de razão, desrazão… Expressões súbitas, falhas… O significado. A mão. O gesto entrelaçando os saberes divinos de um quase ateu, quase proletário, quase intelectual, quase que quase… O momento: Expressão eterna da circunstância. Há […]
Buracos negros e crédito, por PEDRO HENRIQUE
Um leigo lendo sobre buracos negros… um fenômeno aparentemente intransponível donde nem a velocidade da luz – até onde me é possível saber, a unidade de medida das demais em seus 300.000 km/s – consegue ultrapassar seu campo gravitacional, sua senda no espaço-tempo; enigma da esfinge cósmica que talvez carregue consigo a possibilidade de reencontro […]
Diagnóstico do mal, por PEDRO HENRIQUE
I Desfecho de um século, de um milênio, de uma época. O século XXI irrompe o paradoxo do mundo capitalista globalizado: sua vitória planetária coincide com sua crise derradeira. Crise econômico-financeira, político-estatal, social e ecológica, humana e cultural. Indivíduos atomizados contrastam a crise da totalidade. A comunicação é apenas consumo unilateral de informação. A […]
Entre Gomes e Renato, por PEDRO HENRIQUE
Mário Gomes não foi um poeta dos livros, mas das praças: pertencentes ao povo como o céu ao condor; a pessoa dele é que carregava consigo um estranho significado, e talvez apenas – numa primeira impressão – em sentido negativo: ele seria a personificação da decadência da poesia, no seu nem tão novo e nem […]
Prosas pretensamente poéticas, por PEDRO HENRIQUE
[I] * À tardinha, caminhando na praia deserta, lembro-me das grandiosas aventuras para além-mar, em busca do novo mundo; lembro-me de Pessoa (Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!), lembro-me da verdade petulante de um desvio (Ó bela máquina, quanto da tua história são lágrimas e carnificina!), lembro-me do poeta contador […]
A arte da natureza e a natureza da arte, por PEDRO HENRIQUE
Contou-me, um dia, um certo Ponte Alta… Na mesma época da queda do muro de Berlim, da configuração do Capitalismo na sua fase neoliberal como sistema hegemônico em todo o planeta – não que o seu contrário soviético se constituísse como uma negação, antes era uma outra forma do mesmo –, dois primos, sem emprego, […]