Muitos anos vivi em Iguatu.
Principalmente nasci em Iguatu.
Por isso sou triste — e morro de saudades.
Saudade dos amigos, das rodas na calçada, do aracati soprando,
quando vem a madrugada…
A vontade de chorar, que às vezes sinto,
Vem de Iguatu, de suas tardes quentes, da praça da Matriz, dos carnavais no CRI…
Do Cine Alvorada…
E o hábito de sofrer, que tanto me persegue,
É doce herança iguatuense.
De Iguatu trouxe poucas coisas que ora te apresento:
Esta cesta de vime em que te sirvo pães (não os de Luiz Perpétua!) e a xícara do café
que mal lembra o gosto do café Tupy, de Epitácio Lima….
Este Menino Jesus sobre o centro de sala… não, minto, este eu trouxe de Praga.
Esta fotografia da igrejinha do Prado… Esta outra, da ponte, arqueada sobre as águas do rio Jaguaribe
nas invernadas.
Este jeito manso, esta voz trêmula, hoje arrastada…
Tive mais saúde, tive beleza, tive jovialidade.
Hoje sou um velho professor aposentado.
Iguatu é apenas uma recordação, uma lembrança vaga.
Dessas que doem por dentro — e nas tardes de domingo nos deixam amargurados.
Fonte da imagem: Wikipédia
José Luiz
Quanta sensibilidade nas suas palavras, Álder, parabéns ! As raízes não nos largam! E é um não-largar que não se quer largar mesmo, não é?
Um forte abraço, e mais uma vez, parabéns !!!