O Brasil debate previdência, segurança pública e corrupção. Estas prioridades tomam todas as nossas energias porque são evidentemente urgentes. Enquanto nos preocupamos com problemas tão urgentes esquecemos prioridades menos vistosas. Dois sucessos brasileiros, nas últimas décadas, têm sido a indústria aeronáutica e o agronegócio. O Instituto Tecnológico de Aeronáutica e as pesquisas da Embrapa, do Instituto Agronômico de Campinas e outros centros de investigação científica foram as grandes sementeiras dos sucessos aludidos. Vivemos a maior e mais profunda revolução tecnológica que o mundo já viu. A competição internacional atravessa momentos de exacerbação e tem no desenvolvimento científico e tecnológico um dos seus trunfos mais importantes. O ensino de excelência fertiliza a pesquisa e esta é a porta do sucesso. Mas quando nos lembramos das nossas universidades é para discutir problemas sociais enfocando a política de cotas. Ensino, pesquisa e extensão não estão entre os temas mais debatidos.
As nossas universidades têm sobre os seus ombros o peso da responsabilidade pelo desenvolvimento da pesquisa. O desempenho destas instituições, todavia, tem declinado nos últimos anos. Avaliadas nas listas em que são classificadas ao lado das suas congêneres internacionais, apresentam desempenho declinante. Temos êxitos localizados em alguns pontos. Estes, porém, se devem ao desempenho pessoal de alguns pesquisadores. Precisamos institucionalizar a excelência do ensino e da pesquisa, conectando-a intimamente com a extensão.
Instituições defasadas tecnologicamente e administrações desidiosas travam o desenvolvimento institucional. Servidor que requeira aposentadoria é obrigado a apresentar para a instituição o último contra-cheque que ela emitiu, devendo ainda apanhar, na biblioteca, certidão de quitação para apresentar, à própria instituição, os dados emitidos por ela mesma. A burocracia não sabe o que é feito nas suas próprias entranhas. Culpamos fatores externos e exigimos mais verbas, como se administrar bem fosse tarefa a ser feita somente na abundância. A crise profunda que se seguiu ao fracasso do plano Collor foi um período de vacas magras para todas as instituições federais. Na Universidade Federal do Ceará, porém, foi um tempo de grandes realizações. Os últimos quatro anos foram marcados pela mais profunda recessão da história deste país. Apesar disto, a atual administração da Faculdade de Direito da UFC, conseguiu fazer sua avaliação subir no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), depois que realizou melhoramentos expressivos na biblioteca e em suas instalações.
A objetividade, o enfrentamento dos problemas sem o escapismo de culpar a forma de organização da sociedade e outros fatores externos, sejam eles de natureza econômica, política, social ou jurídica foi a chave dos sucessos, aqui citados, na UFC. A alternância no poder, respeitados os limites da continuidade do que é bem sucedido, favorece a busca realista de superação dos vícios administrativos. A longa duração dos mesmos grupos no poder sedimenta os erros e desvia o foco da solução dos problemas das instituições para a busca de artifícios pelos quais a manutenção do poder seja assegurada.