SOBRE A NEUTRALIDADE DAS PALAVRAS

 

Todos, todas e/ou todes? Taí uma boa discussão que deveria ser abarcada
pelas universidades, especialmente nos programas de pós-graduações.
Se para defender uma tese revolucionária, instituir uma metodologia de
pesquisa inovadora, uma categoria de análise original, precisamos do aval de um
programa de pós, de uma banca de qualificação e de exame, para obtenção de
título, por que uma mudança repentina e segmentada, não é discutida?
As divisões de estudiosos da Língua entre gramáticos e linguistas me parece
não terem dado a devida importância ao tema, visto que, isso significa mudar
posturas profissionais sem a devida argumentação científico-filosófica estruturada numa teoria. Li poucos livros e vi poucos vídeos que tratam do assunto. Nenhum deles me pareceu conclusivo ou convincente para o sim ou para o não.

Sempre nas minhas palestras eu uso o "Bom/boa dia, tarde, noite Criaturas!", afinal, criatura é todo ser vivente e nem é masculino nem feminino, é neutro/a, agora fiquei confuso. Pensando em ficar confuso, aprendi que neutralidade pode ser também " encimamurismo " ficar entre um lado e outro, como no meio de um cabo de guerra que irá caminhar para um dos lados, se afastando do outro. Então, qual lado irá ganhar? Se eu puxar o centro do cabo para o que considero meu lado, terei dois lados formando a base de um triângulo. Os dois lados da base podem neutralizar minha força, levando-me ao ponto de origem, ao centro. Ou então nos transformamos numa espiral e cada um rodará em torno do outro se expandindo ou se encolhendo, como no movimento das galáxias (que atualmente estão em expansão).

Viram como não é simples nem impositivo. A neutralidade pode ser uma
forma de agradar a dois senhores ou duas senhoras ou desagradar a ambos. Até
agora, os argumentos não estão ao alcance da minha compreensão. Prometo que irei estudar mais e voltar outro dia com menos confusões ou completamente atoleimado.

Não sei o que diria minha mãe, Dona Irismar, nesta hora. Talvez ela dissesse:
"Isso dá dinheiro?… pois então vá estudar que nós somos pobres e pobre é tudo lascado!"

Carlos Gildemar Pontes

CARLOS GILDEMAR PONTES - Fortaleza–CE. Escritor. Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Doutor e Mestre em Letras UERN. Graduado em Letras UFC. Membro da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Foi traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Tem 26 livros publicados, dentre os quais Metafísica das partes, 1991 – Poesia; O olhar de Narciso. (Prêmio Ceará de Literatura), 1995 – Poesia; O silêncio, 1996. (Infantil); A miragem do espelho, 1998. (Prêmio Novos Autores Paraibanos) – Conto; Super Dicionário de Cearensês, 2000; Os gestos do amor, 2004 – Poesia (Indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005); Seres ordinários: o anão e outros pobres diabos na literatura, 2014; Poesia na bagagem, 2018; Crítica da razão mestiça, 2021, dentre outros. Editor da Revista de Estudos Decoloniais da UFCG/CNPQ. Vencedor de Prêmios Literários nacionais. Contato: [email protected]

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Carlos Gildemar Pontes

CARLOS GILDEMAR PONTES - Fortaleza–CE. Escritor. Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Doutor e Mestre em Letras UERN. Graduado em Letras UFC. Membro da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Foi traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Tem 26 livros publicados, dentre os quais Metafísica das partes, 1991 – Poesia; O olhar de Narciso. (Prêmio Ceará de Literatura), 1995 – Poesia; O silêncio, 1996. (Infantil); A miragem do espelho, 1998. (Prêmio Novos Autores Paraibanos) – Conto; Super Dicionário de Cearensês, 2000; Os gestos do amor, 2004 – Poesia (Indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005); Seres ordinários: o anão e outros pobres diabos na literatura, 2014; Poesia na bagagem, 2018; Crítica da razão mestiça, 2021, dentre outros. Editor da Revista de Estudos Decoloniais da UFCG/CNPQ. Vencedor de Prêmios Literários nacionais. Contato: [email protected]

3 comentários

  1. JACQUELINE BRAGA

    Perfeito !!! Professor/ Poeta / Dr. Carlos Gildemar Pontes, tua Fala representa toda criatura AINDA um tanto humanizada… Estamos nos sentindo perdidos nesse emaranhado de “saberes” voláteis. Necessitamos de teu bom senso.

    Eu, Jacqueline

  2. Denise Tomaz de Araujo

    Discutir sobre esse assunto é quase um ato revolucionário. Parabéns pela iniciativa prof. Dr. Gildemar. 👏👏👏

  3. Denise Tomaz de Araujo

    Discutir sobre esse assunto é quase um ato revolucionário. Parabéns pela iniciativa prof. Dr. Gildemar. 👏👏