Onde nos confessamos a essa hora da noite?
Mas por que pergunto pela noite? Quando
Amanhecer ainda não terei feito a confissão;
O sol, se houver sol, vai ser uma tortura
Sobre a cabeça pesada, pensante, culpada;
A chuva lembrará a tristeza. Ainda quererei
Confessar, ainda que os pecados não venham
À memória e à boca, ainda que sejam todos
Pecados muito antigos e quase me orgulhem.
Onde encontramos alguém que ainda ouça
As confissões de quem desesperadamente
Descobrisse que mal tinha o que confessar
E mesmo assim passa longe de ser santo?
Onde encontramos? Quando encontramos?
Se encontramos enfim, por que fugimos?