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MINERAL FETICHE NU

Fetiche nos ad te: acreditamos
Porque sonhávamos sim
Que éramos desejados
E até mesmo a glória
De que éramos objetos
Cada coisa exemplo apenas de si mesma
Inda que da linha de montagem saída
Alheia às muitas mãos de gente que a fizeram
Ou das muitas engrenagens maternais
Quase

RESPOSTA TARDIA

Onde nos confessamos a essa hora da noite?
Mas por que pergunto pela noite? Quando
Amanhecer ainda não terei feito a confissão;
O sol, se houver sol, vai ser uma tortura
Sobre a cabeça pesada, pensante, culpada;
A chuva lembrará a tristeza. Ainda quererei
Confessar, ainda

SPQR

Nós,
Essa comunidade coagida de outros
Irmanados pela mesma covardia,
Gente que se tolera por tão pouco
E guarda no peito,
Quando não sonhos de maldade descarada,
Um desejo muito imenso de nunca mais,
Uma vontade enjaulada de incivilidade.
Próximos,
Porque há cada vez menos espaço nas cidades imensas,
Tanto

[NO NAME]

Sou sim um pecador,
Daqueles mais orgulhosos
Que simplesmente conscientes:
Não é o perdão o que eu procuro,
Mas aquela redenção mais radical
Que leva ao pecado o poeta e o santo.
Não me basta que um sacerdote instituído
Saiba já o que é bom e melhor

POÉTICA

Ama apaixonadamente
O fazeres sem sentido;
Aborrece a opinião pública;
Que te cause náusea o próprio público;
Foge do elogio, agradece a crítica feroz,
E te rejubila com a indiferença.
Queixa-te do amor por doloroso em ti,
Mas sem ressentimento te separa
E dedica teu ressentimento coitado
Ao retiro

OS TANTOS PRIVILÉGIOS DOS POBRES

Fortaleza, 1 de dezembro de Dois Mil e Nunca.
Não precisamos de justiça para os pobres;
Os próprios pobres, coitados, não carecem
De justiça. Querem confundir suas cabeças?
Pobres mal disciplinados nascem desses
Excessos de direito. Democracia mesmo,
Quando foi que alguém pediu além
De artistas deslumbrados,

GAY-LUSSAC

Homem bêbado, à noite,
Sem medo da chuva e do relógio,
Esquecido das mulheres e desejo. Ébrio homem,
Com seus resquícios de civilidade e dinheiro
Amarrotado, bem poquinho.
Quando o sol vier mal saberá do dia que passou;
Quando o sol se for também as últimas

LÍRICA LUSITANA

Pois também já fui paneleiro, ora,
Que para ser teu amante completo
Era preciso que, feminino, me pusesse
No teu lugar e na tua posição. Pois,
Passivo, ativo, aéreo, fui também
Paneleiro. E senti na face nua
O cuspe rançoso e grosso da chamada sociedade
E ouvi