Resenha – Oposição e autoritarismo: gênese e trajetória do MDB (1966 – 1979) de Maria d’Alva G. Kinzo

A AUTORA

De acordo com as informações coletadas no Lattes, Maria d’Alva G. Kinzo possui graduação em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1972), mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1978), doutorado em Social Studies pela University Of Oxford (1985) e pós-doutorado pela Georgetown University (1990). Atualmente é Outro (Professora Associada) da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Comportamento Político, atuando principalmente nos seguintes temas: Partidos, Eleições, Sistema Eleitoral, sistema de governo, Representação Política e Comportamento eleitoral.

A PUBLICAÇÃO

O livro foi publicado em São Paulo pela Editora Revista dos Tribunais, em 1988. Possui 269 páginas.

CIRCUNSTÂNCIAS

A autora, que desenvolve a sua contribuição acerca das representações políticas brasileiras, releva o seu protagonismo no âmbito de sua tese de doutorado e faz um resgate acerca do papel  histórico desempenhado pelo Movimento Democrático Brasileiro – MDB, trabalho este que desencadeou a elaboração do livro aqui analisado.

A IMPORTÂNCIA DA OBRA

A abordagem levantada na obra traz uma análise sobre a construção do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro)  como sendo um partido político enraizado na história da democracia brasileira. Busca compreender a sua contraditória gênese, que se deu no contexto da ditadura militar com o surgimento do bipartidarismo, e discute a trajetória desse partido de origem opositora, que, apesar de ter uma enorme dificuldade de encontrar mecanismos e espaços oportunos para assumir uma postura efetiva de luta contra o regime, desempenhou um importante papel ao longo do processo histórico.

O LIVRO

Atuar de forma contestadora sem perder a legitimidade em um regime ditatorial era a realidade do MDB. Os meios de comunicação, de ambos os lados, colocavam que o partido não conseguia dar resposta às ações políticas desde o seu início, e destacavam a sua paralisia quanto à tomada de decisão. Essa era exatamente a conduta que os que fizeram parte da chamada “Revolução” em 1964 esperavam dos emedebistas quando incentivaram a sua eclosão: o partido deveria somente simbolizar uma oposição da forma menos incômoda possível. A existência do MDB assim se deu, pois a imagem de uma declarada ditadura era evitada, visto que ideia de uma gestão intolerante e fechada não seria facilmente aceita pela opinião pública internacional, pelo povo e por algumas frentes políticas brasileiras que apoiaram o movimento buscando um maior espaço no futuro.

Desconstruir esse perfil e se mostrar como uma opção diferenciada publicamente sempre foi o objetivo dos emedebistas, porém, o governo estava constantemente encontrando respostas mais articuladas e agressivas diante das tentativas do partido, levando-o a um dilema, muitas vezes, imobilizador: ou ir devagar, comportando-se moderadamente para não dar motivo à repressão do governo, e assim também não perder mais do seu mínimo espaço, ou buscar conquistas maiores nos trilhos da democracia.

É salientado no livro que somente puderam se inserir no MDB, no início, parlamentares permitidos pelos militares de permanecer na vida política, e entre estes não se encontravam os que foram incisivamente contra o golpe de 64. Em um partido marcado pela heterogeneidade – havia, por parte da maioria dos integrantes do MDB, a ausência de ideais civis e de uma militância como prioridade em suas trajetórias políticas –, a divisão de espaço com grupos que lutavam veementemente por uma reforma política, tornava o ambiente um espaço propício a constantes desentendimentos internos.

A obra explana ainda os momentos de glória do partido, impulsionados por um processo reorganizativo e por novas estratégias que visaram à busca da legitimidade popular. Em meio a esse contexto, os ardis da oposição se deram pela imposição de Ato Institucional e mais adiante, após treze anos, com a retomada a formação pluripartidária, que dentre outros motivações, almejavam propiciar uma discordância definitiva entre vertentes existentes dentro do MDB e assim, logo o partido se dissolveria em pequenos grupos sem expressão.

Thinally Ribeiro

Graduanda em Serviço Social na UECE.