Que eu seja a última

 

A Trajetória Pessoal de Nadia Murad

A obra “Que eu seja a última” de Nadia Murad mergulha os leitores em uma narrativa impactante, revelando a trajetória singular da autora, anteriormente uma escrava sexual yazidi que se transformou em uma incansável defensora dos direitos humanos após sobreviver aos horrores do Estado Islâmico.

Compromisso Persistente

Com 335 páginas, o livro oferece mais do que uma mera exposição da jornada pessoal de Nadia. Ele destaca o compromisso persistente da autora na busca por responsabilização dos ex-membros do grupo terrorista e na prevenção da violência sexual em conflitos armados. A narrativa é enriquecida por um mapa da região norte do Iraque durante os meses de agosto e setembro de 2014, época dos crimes narrados por Nadia, e é dividida em três partes, incluindo prefácio, epílogo, fotos em preto e branco e um glossário.

A Vida de Nadia aos 21 Anos

Aos 21 anos, Nadia emerge como uma estudante do último ano do ensino médio, solteira e virgem, órfã de pai e a caçula de uma grande família. Seus laços familiares são evidentes na narrativa, destacando um vínculo especial com sua mãe, uma presença constante em sua vida. As memórias compartilhadas revelam não apenas o contexto pessoal, mas também a riqueza da cultura yazidi, uma minoria étnica com uma história marcada por desafios e tentativas de extermínio.

Ambientação no Cenário Iraquiano

A ambientação no cenário social, econômico e político do Iraque é uma característica marcante da obra. A autora explora a condição dos yazidis como uma minoria étnica em regiões rurais, cujos ancestrais eram agricultores e pastores nômades. A narrativa revela tentativas históricas de extermínio, muitas vezes associadas erroneamente como curdos inimigos do Estado, devido à língua curda falada pelos yazidis.

Influência de Saddam Hussein

O processo de arabização liderado por Saddam Hussein também é discutido, evidenciando a aprendizagem da língua árabe na escola pública. A falta de reconhecimento da identidade yazidi na educação estatal, aliada à negação por árabes e curdos, gera uma tensão que se estende ao respeito pela crença religiosa dos yazidis.

Relevância Internacional de Nadia Murad

Nadia Murad, Embaixadora da Boa Vontade da UNODC e vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2018, demonstra sua relevância e influência no cenário internacional. O prefácio escrito por Amal Clooney, advogada especializada em direitos humanos, oferece uma perspectiva única sobre as atrocidades sofridas pela autora.

Guia pelos Estágios da Vida

A narrativa guia os leitores através dos diferentes estágios da vida de Nadia Murad, desde seus dias como estudante até sua transformação em líder yazidi e Embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas. A história não apenas destaca a resiliência individual de Nadia, mas também sublinha a urgência de abordar e combater a violência sexual em contextos de conflito armado.

Profundidade do Contexto Cultural

A inclusão de detalhes sobre a cultura yazidi, os desafios históricos enfrentados pela minoria étnica e as complexidades políticas do Iraque oferecem uma compreensão mais profunda do contexto que moldou a narrativa.

Heliana Querino

Heliana Querino Jornalista