PT cearense rumo à candidatura própria

Na última sexta-feira, 10, em sua notável passagem por Buenos Aires, a convite do presidente argentino Alberto Fernández, o presidente Lula declarou que “o Partido dos Trabalhadores tem o desafio de superar o obscurantismo do bolsonarismo e colocar o Brasil no trilho do desenvolvimento. O PT precisa voltar ao governo porque sabe colocar em prática políticas públicas de inclusão social, de geração de empregos, para que os mais pobres participem dos orçamentos das cidades e dos estados brasileiros”.

Segunda-feira, 13, o deputado federal José Airton Cirilo e a deputada federal Luizianne Lins (representada pela assessora Wládia Fernandes), juntamente com uma diversificada comitiva composta por vários representantes de forças políticas internas do PT, realizaram uma reunião profícua, por cerca de duas horas, com o presidente do Diretório Estadual, Antônio Alves Filho (Conin), para entregar-lhe em mãos o Documento Oficial, resultante da plenária histórica realizada no dia 13 de outubro com a militância petista, para a discussão do Manifesto da Unidade pela Defesa da Candidatura Própria do Governo do Estado do Ceará, articulada e coordenada pelo Movimento PT Lá e Cá.

O documento, em sua introdução, produziu uma concisa análise de conjuntura, denunciando a gravidade do atual momento histórico no qual o Brasil está submetido, a partir do Golpe de 2016, ao neofascismo bolsonarista militarizado, financiado pelo segmento neoliberal financista, entreguista do patrimônio público e da riqueza nacional ao Capital Financeiro Internacional, ambos formando o núcleo destruidor de todas as conquistas sociais, econômicas e políticas obtidas pelos governos Lula e Dilma. Tal desmonte requer de toda a militância e dos quadros representativos do Partido dos Trabalhadores uma tomada de posição corajosa e decidida no sentido de radicalizar a luta pelo retorno do projeto político petista com a eleição em 2022 de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência do Brasil.

Em seguida, o documento passa a analisar três pontos centrais da conjuntura política cearense. Primeiramente denuncia os ataques desonestos e levianos dos irmãos Ferreira Gomes contra a pessoa do Presidente Lula e contra o Partido dos Trabalhadores, ataques estes que se iniciaram já em 2002, conforme atestou o deputado federal José Airton durante a reunião presencial. Ciro Gomes declarou recentemente, em revista de circulação nacional, que usará a campanha eleitoral para atacar Lula. (https://veja.abril.com.br/blog/radar/lula-levou-a-corrupcao-para-o-centro-do-poder-diz-ciro-gomes/).

Em segundo lugar, a análise deteve-se no prejuízo político do PT estadual, acumulado ao longo dos anos, devido a uma coligação totalmente desfavorável com o PDT dos Gomes, acumulando perdas significativas. Como exemplo o documento atesta que se em 2012 o PT detinha 30 prefeituras em todo o estado, agora em 2021, após 08 (oito) anos de governo de Camilo Santana, desabou para 17. Em contrapartida, o PDT que em 2012 tinha apenas o número irrisório de 08 (oito) prefeituras, em 2021 atingiu a casa de 67 municípios. Tal constatação, quando associada aos ataques sistemáticos dos Ferreira Gomes ao PT, referidos acima, gera um imenso sentido de suspeição e revolta na militância petista.

Por fim, além dessas perdas acumuladas, a aliança com o PDT dos Ferreira Gomes tem sido obstáculo a que se possa colocar em prática um autêntico programa democrático e popular. E em vários momentos tem colocado o Partido em posição oposta à sua base social, como ocorre, por exemplo, com a política de Segurança Pública do governo Camilo Santana, representando um forte retrocesso na luta pelos Direitos Humanos.

Em sua fala, o Presidente Conin registrou que recebia aquele documento com muito respeito, destacando o mérito da articulação visando à ampliação da democracia interna do partido, tendo presente que com essa sistemática de debates, o PT sairá ainda mais fortalecido e unido. A reunião do Diretório Estadual para realizar a primeira rodada de debates ficou agendada para o dia 29 de janeiro de 2022, colocando o PT cearense no rumo à candidatura própria.

Alexandre Aragão de Albuquerque

Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Religião em tempos de bolsofascismo (Independente); Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .

Mais do autor

Alexandre Aragão de Albuquerque

Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Religião em tempos de bolsofascismo (Independente); Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .