A posse de Lula deve ser alegremente festejada como um passo espetacular da cidadania na longa luta contra a truculência obscurantista. Cabe uma festa que anime o povo em sua árdua e longa caminhada.
Falta pouco para a posse e os temores que a rondam não se esvaem. Hoje, não há democrata avisado que não tema pela vida de Lula.
Como sossegar quando fanáticos raivosos se dão ao terror acoitados por servidores públicos encarregadas de contê-los?
Entre os fanáticos, haverá certamente quem queira usar os arsenais privados reunidos com o estímulo de um governo que declarou guerra aos defensores de reformas sociais.
A discussão sobre a conveniência de Lula desfilar em carro aberto no dia da posse revela falta de garantia na contenção de terroristas da extrema direita. Mostra que os servidores encarregados de preservar a lei e ordem não são confiáveis.
Alexandre de Moraes, defensor da democracia, tenta enquadrar criminosos civis. Suas determinações seriam cumpridas se envolvessem militares da ativa e da reserva envolvidos na delinquência política? Quem algemaria generais que não se importam em manchar a farda pregando golpes? Mais que nunca as corporações armadas exibem sua autonomia aloprada.
Lula ainda não mostrou pretensão de exercer o comando supremo das Forças Armadas. Não mencionou suas diretrizes para a Defesa Nacional, condição fundamental para comandar. Mostra capacidade ímpar na costura de alianças eleitorais. Sabe liderar cidadãos. Não aprendeu a enquadrar fileiras. Dá sinais de contemporização com prevaricadores fardados.
Ao orientar o futuro ministro da Defesa a dialogar com chefes militares, Lula os reconhece como atores políticos. Nosso presidente não pode se tornar refém da caserna. Ensinamento atemporal reza que se o poder político não comanda o militar, por ele será comandado.
O que nos cabe fazer? Mostremos o vigor da força popular festejando o tempo bom que haveremos de construir!
Exorcizemos a truculência cantando, dançando, pulando de alegria pela posse de Lula! Não para inflar seu ego, mas para oferecer-lhe respaldo necessário para assumir plenamente a chefia-de-Estado. É preciso quebrar a rotina da tutela castrense que falseia a vida republicana.
Multidões devem ocupar praças e ruas em todos os recantos celebrando a brasilidade e a democracia. Gente multicolorida, em efusão, resgatará a bandeira do Brasil vilipendiada pelos inimigos do desenvolvimento e da justiça social.
A festa precisa ser grande o suficiente para imobilizar tanto as corporações politizadas quanto o lobo solitário mais tresloucado.
(Uma festa sem foguetório, recomenda minha filha Natália: cabe amedrontar celerados, não animais domésticos.)
A presença de delegações estrangeiras ajudará a consagrar a democracia. Que venham chefes-de-Estado do mundo todo, aliviados pela ausência do delinquente grosseirão que será afastado da presidência de um dos países mais importantes do mundo.
Que testemunhem o valor da alma brasileira.
Os diplomatas e Janja devem caprichar nas rosas para a madame Macron, estupidamente agredida pelo capitão desqualificado.
Festas são fundamentais. A humanidade se reconhece em festas. Festejando, comunidades se identificam e são identificadas.
Festejo é congraçamento, confraternização, entrosamento, consagração de valores, afirmação de crenças e, sobretudo, aposta em futuro risonho. Festa é unguento infalível. Acaba com dores lancinantes.
Poderosos sempre organizaram espetáculos para engabelar o povo. Mas, em festas, o povo teima em mostrar disposição própria. Festejos podem animar os brasileiros a isolar o terror.
Precisamos de uma festa como nunca se viu na história deste país.