PATOS E RATOS, por Alexandre Aragão de Albuquerque

O final do mês maio avança com o desmascaramento do Golpe. Hoje no Jornal Nacional, nenhuma reflexão crítica foi lançada a partir dos diversos olhares da sociedade civil organizada sobre as causas que levaram à paralisação dos transportes de cargas do país. Nem tampouco sobre a política desastrosa adotada pelo sr. Pedro Parente à frente da Petrobrás, cujo objetivo prioritário é o de garantir o lucro cotidiano dos acionistas menores dessa empresa estatal em prejuízo do seu sócio majoritário que em última análise é o povo brasileiro. A Globo, como de costume, investe na desinformação como método, por meio de uma técnica jornalística de tempestade de relatos acríticos dos fenômenos por ela interpretados “jornalisticamente”.

Desde outubro de 2016, com a posse de Pedro Parente, a Petrobrás adotou uma nova política de preços dos combustíveis praticando preços crescentemente mais altos. Essa política propagandeada como “realinhamento com os preços internacionais” viabilizou a importação de combustíveis no Brasil pelos seus concorrentes.

O jornal Valor, em 30/11/2017, documenta que o diretor-superintendente da Ipiranga, Leocádio Antunes Filho, disse que a rede de distribuição de combustíveis do grupo Ultrapar Day vê oportunidades de ganho para a sua empresa. Afirmou que a Ipiranga tem uma escala importante no mercado brasileiro, vendo, em função dessa política de preços, grandes oportunidades de expandir sua infraestrutura para ampliar as importações.

Para entender a afirmação acima, pode-se citar um dado apresentado pela AEPET – Associação dos Engenheiros da Petrobrás, no documento “America First”. Entre 2011 e 2014 – ainda no primeiro governo Dilma Rousseff – o preço do diesel no Brasil cobrado aos produtores e importadores oscilou entre 0,88 a 1,02 vezes o preço do diesel no mercado internacional. Mas em 2016, com a nova política de preços de Pedro Parente, chegou a ficar 1,67 mais caro.

Importante destacar que a política de preços adotada nos governos Lula e Dilma permitiu a Petrobrás auferir geração operacional de caixa em valores consideráveis: US$32,99 bilhões (em 2008), US$29,98 bilhões (em 2009), US$35,19 bilhões (em 2010), US$33,13 bilhões (em 2011), US$27,04 bilhões (em 2012), US$26,03 bilhões (em 2013) e US$26,60 bilhões (em 2014), mesmo com a queda de preços do petróleo no mercado internacional na segunda etapa do primeiro governo Dilma. Importante ainda registrar que a receita das vendas da Petrobrás cresceu em 8% no de 2013 em relação a 2012, além de destacar-se o aumento de 43% das reservas provadas no Pre-sal em comparação a 2012, atingindo um recorde de 407 mil barris por dia.

Por fim, de 2010 a 2015 a ocupação da capacidade de refino brasileira de petróleo Petrobrás respondia por 98,1%, enquanto já em 2016, com Pedro Parente essa capacidade já havia sido reduzida para 75%. Em 2017 foram conferidos níveis muito elevados de importação de derivados, enquanto as refinarias brasileiras atingiram recordes de ociosidade. A redução da receita no mercado interno foi da ordem de R$7,8 bilhões em função da colocação de produtos por importadores, com destaque para o diesel e a gasolina. (Petrobrás, Resultados consolidados 3T17, 2017).

Em resumo, a exportação do petróleo cru (de menor valor agregado) disparou enquanto a importação de derivados (de maior valor agregado) bateu recorde, com inexplicavelmente nossas refinarias atingindo índices gigantescos de ociosidade. Com Parente, a importação do diesel se multiplicou por 1,8 vezes, sendo que a importação para os EUA aumentou em 3,6 vezes mais. O diesel importado dos EUA que em 2015 respondia por 41%, em 2017 chegou a 82% do total. Ou seja, os americanos devem estar adorando essa nova política ratazana implantada por Pedro Parente que sequestra o queijo brasileiro. Será por isso que a Globo não toca no assunto? E os patos brasileiros, não sabiam para que estavam batendo panelas para essa política entreguista?

Alexandre Aragão de Albuquerque

Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Religião em tempos de bolsofascismo (Independente); Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .

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Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Religião em tempos de bolsofascismo (Independente); Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .