Alguém já escreveu que a arte e a ciência são importantes para se compreender as pluralidades no mundo. Tal quadro fundamenta este artigo, que discorre sobre a curadoria em um viés multicultural; portanto, observa/analisa que ela faz junções arte-educadoras ao mesmo tempo em que conecta pessoas e movimentos artísticos.
Intensifica tudo isso o aspecto de que o mundo contemporâneo lida com a multiplicidade de informações e dos espaços de difusão de conteúdos – bienais, galerias, museus, centros culturais e de mercados de arte. Essa conjuntura remete à escolha e qualificação de processos relacionados à arte. Assim, torna-se imperioso acompanhar o fluxo de uma produção, a qual solicita mediações em torno dos artistas e também do público.
Todo esse contexto realiza cruzamentos com questões relacionadas ao passado memorialístico e à história vivenciada no presente. Mas não só: uma curadoria opera em processos de práticas estéticas, as quais podem remeter à criação do futuro em várias instâncias humanas. Explica-se: essas três formações temporais – vamos chamá-las dessa forma – podem servir de base para a compreensão da vida. Assim como a arte que, aliada à educação, impulsiona possibilidades dialéticas de novos percursos a partir de tradições.
Sabe-se que a profissão de curador é relativamente nova – há informes de organizadores de arte atuando no século XVIII. E existe ainda o aspecto de ela ser uma produção de cultura que potencializa consciências críticas. A partir desse quadro, compreende-se que é uma forma de pensar sobre o mundo, estimulando conhecimentos, curiosidades, sentidos e leituras interferentes.
Portanto, atuando no entorno do fenômeno artístico – vinculado à reflexão e a aspectos da beleza das coisas e do mundo – uma curadoria faz associações, evoluciona experimentos e realiza descobertas. E em diálogo com tais aspectos, termina por representar também um protesto contra o esquecimento.
O pesquisador Hans Ulrich Obrist, por sua vez, aborda a questão da curadoria no futuro. Este suíço expõe – na obra Caminhos da Curadoria, Editora Cobogó – que as novas gerações de fazedores artísticos se beneficiam de circunstâncias históricas especiais ligadas ao universo digital. Assim, segundo ele, pessoas da era da digitalização têm bagagem tecnológica instantânea e plataformas sociais à vontade para expor suas novas ideias. Esse, portanto, é um campo da tecnologia. E também da arte. Próprios do ofício curador na contemporaneidade.
Carlinhos Perdigão é arte-educador. Foi curador da Semana do Rock em 2018 e da Semana do Blues em 2019, eventos que aconteceram no Centro Cultural do Banco do Nordeste do Brasil – Fortaleza. Site: carlinhosperdigao.com.br