Ao fantasma de G. D.
Este homem
— Nascido no subúrbio nos melhores dias —
Diante de si
A própria foto
(Achava que era o pai e era ele mesmo destronado)
Vai forjar uma espada entre as pernas
Ou derreter uma já feita
À águia aguda pedirá os olhos de um menino
Um menino um menino
Olhos pré-sexuais diante do Deus-Espelho
Exige uma mãe de carne
E quer tomar todas as formas
Desejo me tornar a água-viva
Da biologia e do livro antigo
O ser-placenta o mais lento
De antes da gente:
Tuas lantejoulas de flores são estrelas
Um dia sonhei contigo
Mas não digo teu nome nunca
Tu mesma não saberás nunca quem és
Nem jamais o quanto loucamente nos beijamos
Só se me perguntares pode ser que eu diga
Tu tens na mão a chave e não sabes
Talvez nem sequer deseja
Me tira dos teus sonhos, tu dirás
Talvez
Uma palavra
A espada forjada em linha reta
Ou no contrário
Eu sou a lava do mundo
E assumo todas as formas
Um dia eu sonhei um amor
E o amor nunca aconteceu
E eu acordei no mundo