O debate se aprofunda

Ontem, 1º, duas grandes lideranças federais do PT Ceará, o deputado José Airton e a deputada Luizianne Lins, participaram, respectivamente, de dois programas do jornalismo político nacional de renomada envergadura: “Jogo Político” (O Povo) e “Boa Noite 247” (Brasil 247). O foco dos debates centrou-se nas análises dos parlamentares em torno das resoluções da reunião do Diretório Estadual, realizada em 29 de janeiro passado.

Para José Airton, uma das questões principais deliberadas no encontro tratou da centralidade da atuação do Partido dos Trabalhadores em 2022, isto é, da eleição de Lula Presidente, portador de um projeto nacional, capaz de enfrentar decididamente as mazelas do fascismo bolsonarista com suas políticas neoliberais de ataque à população brasileira, ao meio ambiente e ao patrimônio público nacional, posicionando o PT na defesa irrestrita da classe trabalhadora, da democracia participativa e da justiça social no Brasil.

Segundo o deputado federal, como o foco de todos os setores do PT é a eleição de Lula com o seu projeto nacional, não faz sentido algum o partido no Ceará abdicar de sua responsabilidade histórica de manter-se na cabeça da chapa ao governo do estado, transferindo ingenuamente esse protagonismo para algum quadro do PDT, cujo candidato à presidência da República, Ciro Gomes, é um adversário obcecado em disparar diariamente agressões levianas e ferinas contra o Partido dos Trabalhadores, humilhando diuturnamente sua militância, seus simpatizantes e sua maior liderança nacional. Portanto, há uma grave contradição interna de encaminhamento nesta acepção que precisa ser solucionada imediatamente. Para manter-se fiel à centralidade da resolução, é obrigação do PT Ceará comandar o processo eleitoral mantendo-se na cabeça de chapa ao governo do estado.

Por sua vez, a deputada Luizianne Lins, entre muitas observações pertinentes, destacou dois aspectos. Primeiramente, pelo fato de o clã Ferreira Gomes ter pertencido a pelo menos oito partidos políticos, denota-se sua total falta de apreço pelas instituições partidárias: fazem dos partidos instrumentos para a realização de seus interesses familiares. Consequentemente, para eles, é difícil aceitar um partido como o PT que tem uma longevidade orgânica e que, apesar de toda a truculência praticada contra si nos últimos anos, resiste e cresce, sendo o partido político da preferência da maioria da população brasileira. Portanto, há que separar os quadros históricos do PDT com a oligarquia Ferreira Gomes que atualmente se utiliza do PDT para seus fins oligárquicos.

O segundo aspecto destacado pela deputada Luizianne trata de outro ponto da resolução do Diretório estadual que apontou Camilo Santana como pré-candidato ao Senado. Ocorre que até o presente momento Santana não se definiu se apoiará Lula de forma exclusiva ou se adotará uma postura ambígua de apoio simultâneo a Ciro Gomes. Neste cenário, indaga a deputada: finalmente, quem será o Senador de Lula?

Diante destas contradições, algumas lideranças presentes na reunião do Diretório estadual apresentam uma reflexão bastante pertinente que perpassa os corações e mentes da militância petista. Para essas lideranças, “sobre a resolução de sábado do Diretório Estadual, o resumo é o seguinte: o arco de alianças no Ceará não será montado em torno de Lula. Como tudo indica que o partido inexplicavelmente não concorrerá ao governo, não haverá um candidato identificado com Lula, cuja centralidade da resolução é a sua eleição. Consequentemente, o candidato da aliança apoiará Ciro. Ou seja, a campanha de Lula será marginal à disputa principal no nosso estado. E a dúvida é: o candidato petista ao senado apoiará Lula? Porque ontem, no encontro do Diretório Estadual, a retórica dos dirigentes era a do convencimento de Camilo a subir no palanque de Lula. No palanque de Ciro parece que a participação de Camilo já são favas contadas. E corremos o risco de passar pelo vexame de o único candidato ao governo do estado no Ceará pró-Lula ser do Psol. Já pensou?”.

 

Alexandre Aragão de Albuquerque

Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Religião em tempos de bolsofascismo (Independente); Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .

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Alexandre Aragão de Albuquerque

Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Religião em tempos de bolsofascismo (Independente); Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .