O Brasil hoje

Esta semana fui brutalmente assaltado. Dentre os amigos com os quais tomo o café da manhã, algo em torno de dez a doze pessoas, dois deles viveram nos últimos dias a mesma experiência.
Aqui e além, tenho ouvido histórias que parecem extraídas de alguma sequência de um filme de terror. Através da imprensa, autoridades aconselham as pessoas a não sair de casa.
No Ceará, as estatísticas de mortes violentas ultrapassam o impensável número de duzentas ocorrências. É assustador o que se vive no estado hoje, nomeadamente em Fortaleza.
Guilherme Amado, ex-deputado, apontado como líder do motim no estado anuncia: “Índice de arrastão vai ser incalculável!”
Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro nega ao governador Camilo Santana pedido para prorrogar o prazo de permanência da GLO no Ceará, e, bem no seu estilo “troglodita”, não mede palavras ao afirmar: “Resolva esse problema que é do seu estado, tá certo?”
Novas negociações são aguardadas para o dia hoje. O que é improvável, espera-se bom senso do governo federal num momento em que o problema da segurança pública, a exemplo de outras mazelas que parecem tomar conta do país, deve ser objeto de cuidados que ignorem as fronteiras partidárias e as diferenças ideológicas. O presidente foi eleito para presidir uma nação, e não um expressivo número de brasileiros que age sob o efeito de passionalidades fundamentalistas e reacionárias cujo combustível são o ódio e a insensatez.
A agravar o quadro de incertezas, Bolsonaro vem a público pelas redes sociais para convocar atos em sua defesa e contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 15 de março, numa atitude que caracteriza inequívoco crime de responsabilidade e, num país em que a Constituição Federal seja de fato respeitada, mais que justificaria pedido de impeachment, pois que se trata de iniciativa que atenta contra os interesses do país e da segurança nacional.
É o caos, para o qual, infelizmente, assustadores trinta por cento dos brasileiros, como a reeditar subjetividades de torcedores de futebol, fecham os olhos e, ao que tudo indica, apostam no “quanto pior, melhor!” Uma tristeza o que se vê no Brasil hoje!

Alder Teixeira

Professor titular aposentado da UECE e do IFCE nas disciplinas de História da Arte, Estética do Cinema, Comunicação e Linguagem nas Artes Visuais, Teoria da Literatura e Análise do Texto Dramático. Especialista em Literatura Brasileira, Mestre em Letras e Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais. É autor, entre outros, dos livros Do Amor e Outros Poemas, Do Amor e Outras Crônicas, Componentes Dramáticos da Poética de Carlos Drummond de Andrade, A Hora do Lobo: Estratégias Narrativas na Filmografia de Ingmar Bergman e Guia da Prosa de Ficção Brasileira. Escreve crônicas e artigos de crítica cinematográfica

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Alder Teixeira

Professor titular aposentado da UECE e do IFCE nas disciplinas de História da Arte, Estética do Cinema, Comunicação e Linguagem nas Artes Visuais, Teoria da Literatura e Análise do Texto Dramático. Especialista em Literatura Brasileira, Mestre em Letras e Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais. É autor, entre outros, dos livros Do Amor e Outros Poemas, Do Amor e Outras Crônicas, Componentes Dramáticos da Poética de Carlos Drummond de Andrade, A Hora do Lobo: Estratégias Narrativas na Filmografia de Ingmar Bergman e Guia da Prosa de Ficção Brasileira. Escreve crônicas e artigos de crítica cinematográfica