LAVA-JATO – COVID-19 ,VIGILÂNCIA,VARIANTES E VACINAS

Nesta semana, o Brasil foi impactado com o anúncio feito pelo ministro do STF, Édson Fachin, que suspendeu os efeitos infecciosos do vírus da Lava-Jato, criado nos laboratórios do MPF, e do então juiz Moropor meio de ensaios jurídico-político-partidários em Curitiba, que resultaram em pelo menos três reinfecções ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, obrigando-o a cumprir um isolamento social por 580 dias, além de um agudo processo de contaminação arbitrária ao devido processo legal, o que provocou uma quasesepticemia na Justiça brasileira.

Assim como no modo de atuação do comando da Lava-Jato, continuamos a observar falhas por demaisgravosas no modo brasileiro de proceder no enfrentamento da covid-19. Seja pelo negacionismo ou negligência dos que estão no comando da descoordenação da pandemia, o governo continua a ignorar táticas utilizadas por nações que obtiveram sucesso na gestão de combate ao coronavírus, como China, Ilhas Maurício, Libéria, Nova Zelândia,Singapura e Taiwan, para ficar apenas entre os mais bemsucedidos.

Uma lista suplementar dos países “quase exitosos” inclui Austrália, Coreia do Sul, Dinamarca, Finlândia e Índia. Essas duas listas são curiosas, especialmente por não inserir países tradicionalmente arrolados entre as principais economias como Alemanha, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido, os quais também falharam ao combater a pandemia.

Aqui deve ser enfatizado o fato de que o fundamental para o êxito no combate ao Sars-Covi-2 não é apenas a disponibilidade de recursos materiais, pois, se assim o fosse, não teríamos entre os países mais bem-sucedidos no combate à pandemia a Libéria, uma pequena república agrícola da África Ocidental, nem as minúsculas Ilhas Maurício e a Nova Zelândia.

Nesse contexto, todos sabem o que difere os países que têm colhido bons resultados no enfrentamento ao vírus, em relação àqueles onde o problema se agudiza com exponencial aumento dos índices de contaminação, disseminação e mortos pela doença. Veja-se a realidade em curso no Brasil, configurada nas estratégias praticadas em cada um desses países, para o combate à pandemia.

Superado o primeiro ano de observações retrospectivas, o cientista chefe da Saúde do Ceará, Dr. José Xavier Neto, com quem conversamos sobre o problema, nos assegura que já é possível inventariar os principais componentes das estratégias vitoriosas contra a covid-19, e enumera pelo menos nove dessas ações, que citamos aqui.

O ponto de partida, segundo ele assinala, é o controle de fronteiras, seguido por uma vigilância ativa de casos com traçamento de contatos e isolamento por quarentena, testagem maciça e objetiva, ligada à vigilância epidemiológica ativa, e controle de surtos e microssurtos, intensidade e sincronismo epidêmico do isolamento social (com ou sem lockdown), suporte econômico, infraestrutura hospitalar já funcionando ou esforços para adequá-la ao desafio, comando central unificado (governança), vacinação e, especialmentetransparência e comunicação clara e objetiva.

Por consequente, fazse necessário incorporar as recomendações da Organização Mundial da Saúde – OMS, no combate à pandemia, dentre as quais se impõe a mobilização de todos os setores e comunidades para garantir que todas as esferas do governo e da sociedade se apropriem e participem dessa elaboração para se oferecer uma resposta eficiente ao desafio, que é prevenir os casos por meio da higiene manual, etiqueta respiratória e distanciamento social ao nível da ação individual.

Outra medida recomendada, mas ainda timidamente implementada entre nós, consiste na estruturação de um rigoroso controle e dos agrupamentos de casos, reduzindo a transmissão da doença mediante rápidas buscas e isolamento dos eventos identificados e de seus contatos (o traçamento de casos funciona melhor quando a epidemia ainda não entrou na fase de transmissão comunitária, mas isso não quer dizer que não opere quando a epidemia se encontra nessa fase).

Mais uma ação bastante eficaz para reduzir a mortalidade dar-se-á pela oferta de cuidados clínicos apropriados a pacientes portadores de covid-19, assegurando a continuidade dos serviços sociais e de saúde e protegendo populações vulneráveis e trabalhadores na linha de frente, assim como intensificar a produção e aquisição de vacinas seguras e eficazes como assegura o Dr. José Xavier Neto.

Ainda no que refere à estruturação de um eficiente trabalho de vigilância, para que tenhamos uma ação preventiva eficiente no controle da pandemia, os epidemiologistas sugerem que os governos subnacionais, especialmente das grandes cidadescomo são, no Brasil, as capitais, devem executar com a devida consistência e rigorosa regularidade o que chamam de inquérito de prevalência viral, cujos resultados darão aos gestores da saúde a real situação da epidemia, e servirão como parâmetros de alarme precoce para um melhor planejamento das ações, em caso de exacerbações em curso, mas ainda não detectáveis com amparo na análise de demanda por serviços de saúde.

Nessa perspectiva, uma estratégia urgente sugerida pelas autoridades sanitárias com as quais conversamos e que, quanto mais cedo for adotada, melhores serão os resultados conforma-se em retirar o máximo de pessoas das UPAS, ambulatórios de hospitais e consultórios, visto que oitenta e cinco por cento (85%) daqueles que procuram essas unidades são negativos para Sars-Covi-2.

No âmbito da comunicação social, ação importante como medida para informação sobre os riscos de contaminação, é instituir um código de cores para representar o estado da epidemia à população em todos os municípios, e em cada estado, principalmente nas capitais, pelo grande contingente populacional.Todas essas medidas são capazes de melhorar o sistema de comunicação social e transmitir uma visão exata da realidade, contribuindo para evitar pânico e infecção em UPAS, bem como nos ambulatórios dos hospitais e consultórios.

Para a consecução desses objetivos, faz-se urgente publicar e difundir as noções de autocuidado criteriosamente escritas sobre os níveis de severidade da covid-19 (níveis 1-6), e disponibilizar call centers para avaliar diariamente o estado de saúde dos pacientes, fazendo acompanhamento diuturno para evitar perda de tempo de intervenção em caso de desenvolvimento de sintomas respiratórios por covid-19.

Ante todas as recomendações formuladas pela comunidade científica brasileira, sem nunca ter merecido do governo federal qualquer atenção, é imperioso registrar o efeito Lula-livre, depois de curado das três reinfecções condenatórias, no comportamento do presidente da República, de seus ministros e familiares, até então negacionístas, e que,desde a última quartafeira, passaram, não só, a usar máscaras, como, também, a defender a importância da vacina, nas solenidades e nos noticiários de televisão.

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Arnaldo Santos

Arnaldo Santos é jornalista, sociólogo, doutor em Ciencia Política, pela Universidade Nova de Lisboa. É pesquisador do Laboratório de Estudos da Pobreza – LEP/CAEN/UFC, e do Observatório do Federalismo Brasileiro. Como sociólogo e pesquisador da história política do Ceará, publicou vários livros na área de política, e de economia, dentre eles - Mudancismo e Social Democracia - Impeachment, Ascenção e Queda de um Presidente - sobre o ex-Presidente Collor, em 2010, pela Cia. do Livro. - Micro Crédito e Desenvolvimento Regional, - BNB – 60 Anos de Desenvolvimento - Esses dois últimos, em co-autoria com Francisco Goes. ​Arnaldo Santos é membro da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo – ACLJ, e da Sociedade Internacional de História do século XVIII com sede em Lisboa.

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Arnaldo Santos

Arnaldo Santos é jornalista, sociólogo, doutor em Ciencia Política, pela Universidade Nova de Lisboa. É pesquisador do Laboratório de Estudos da Pobreza – LEP/CAEN/UFC, e do Observatório do Federalismo Brasileiro. Como sociólogo e pesquisador da história política do Ceará, publicou vários livros na área de política, e de economia, dentre eles - Mudancismo e Social Democracia - Impeachment, Ascenção e Queda de um Presidente - sobre o ex-Presidente Collor, em 2010, pela Cia. do Livro. - Micro Crédito e Desenvolvimento Regional, - BNB – 60 Anos de Desenvolvimento - Esses dois últimos, em co-autoria com Francisco Goes. ​Arnaldo Santos é membro da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo – ACLJ, e da Sociedade Internacional de História do século XVIII com sede em Lisboa.