O tempo passa tão rápido.
Sinto que os dias são cada vez mais curtos ou será que eu que sou lenta?
Quando percebo estou a mil. O coração, a respiração e a cabeça. Se paro um pouco logo penso: tempo perdido, não posso parar.
Tento lembrar de respirar fundo, segurar a respiração por alguns segundos e soltar lentamente. É tudo tão mecânico e o mecânico faço, mas o tal sentimento de paz me falta.
Lembro, às vezes, de uma música do Leoni em que ele cita um mantra “om mani padme hum”.
Não lembro o que significa, mas lembro de repetir, repetir e repetir.
Foi minha oração por um tempo. Oração mecanizada.
O mecânico faço bem. Não me alegra, não me excita, mas faço bem.
Me exige o corpo, a mente e a história, mas faço bem.
Quando o mecânico para, vem o maquinar.
Do que gosto? Não vivo.
O que gosto não provo.
Outrora lambuzada, ou com memórias distorcidas de um doce que não tenho mais, hoje pareço renegar, repensar e agir da maneira esperada.
O mecânico faço bem.
O mecânico paga as tristezas, desesperos e memórias do que OUTRORA lambuzava-me.
O mecânico paga o amor que distante não pode se fazer presente em presença.
O mecânico mata, todo dia um pouco. Todo dia falo para mim mesma “Não importa, pois, o mecânico faço bem”.
Construo para o outro com a intenção de construir para mim, mas não há “eu/meu” que fique comigo quando apenas dou. O maquinar é meu.
Planos! Planos! Pecados, perigos, paixões, piadas, pinga. PSIU! SHIIII!
Cala, não maquina, o mecânico você faz bem.
O medo, as rugas, a idade, a ignorância, a decepção. Até quando o mecânico será feito bem?
Respira, “om mani padme hum”
Quem sabe alguns dias, meses ou anos mais. Conta até 10 e vai! Afinal, o mecânico, por hora, você faz bem.