ENCONTRAR NA HISTÓRIA AS FORÇAS LIBERTADORAS

Considerada como uma das peças mais bem elaboradas da tragédia grega, Édipo Rei nos provoca a pensar profundamente sobre nossas vidas, sobre a nossa história. Por história entendemos a capacidade de aprendermos a enxergar mediante “investigação” acurada dos fatos, para poder arriscar-nos a partir da visão obtida.

Na peça de Sófocles, Édipo é acometido de cegueira, vazando os próprios olhos. Por que o autor procedeu assim? Para mostrar-nos tragicamente o personagem negando-se a conhecer a sua história. Sua cegueira advinha da ignorância e da prepotência como forma de poupar-se a um sofrimento. Édipo representa a negação humana de conscientização de seus males individuais e coletivos por ocultar verdades que se fossem conhecidas poderiam o conduzir a uma situação de libertação, de encontro consigo mesmo e com o outro.

Também na literatura grega vamos encontrar Dionísio, um deus ambulante, presente em qualquer lugar. Segundo Jean Pierre Vernant, em seu livro “O universo, os deuses, os homens”, a intenção dionisíaca era a de restabelecer um vínculo com o divino, não de maneira extraordinária, mas na vida concreta humana, provocando uma nova forma de ver, questionadora e encorajadora, pulsando para desestruturar o status estabelecido. Era um deus que vocacionava para uma ação transformadora objetivando romper com a realidade imposta, libertando energias submersas por opressões diversas.

No tempo presente constatamos forças poderosas que se empenham arduamente na manipulação da verdade para omitir e distorcer fatos históricos à população brasileira. O jornalismo “investigativo” dos profissionais da empresa “The Intercept Brasil” está a revelar os porões submersos e escusos dos atos perpetrados por agentes públicos integrantes da dita Operação Lava Jato, sob o comando de Moro e de Dallagnol, em parceria com a Rede Globo que recebia antecipadamente os vazamentos selecionados pelos referidos agentes. O objetivo político dessas manobras midiáticas era o de macular a biografia do Presidente Lula e do seu partido político – Partido dos Trabalhadores (PT) – visando à destituição da presidente Dilma Rousseff, gerando um clima social favorável ao golpe híbrido materializado em 2016, conforme tão bem confirmaram Michel Temer e Janaína Pascoal recentemente pelos meios de comunicação social.

A importante publicação pelo “The Intercept” destes fatos históricos criminosos produzidos por estes agentes públicos e pela mídia global, possibilita a todos nós brasileiros e brasileiras, bem como às nossas instituições democráticas e republicanas, investir-nos da força histórica necessária para estancar com a sangria que vem sendo imposta à nossa gente e retomarmos o caminho interrompido de nossa democracia.

Impõe-se, assim, a imediata libertação do Presidente Lula, a anulação de todos os processos espúrios forjados por aquele conluio de Curitiba, com a devida investigação por parte da justiça brasileira desses bárbaros atos praticados por aqueles agentes públicos e por um tipo de jornalismo manipulador da verdade histórica.

Alexandre Aragão de Albuquerque

Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Religião em tempos de bolsofascismo (Editora Dialética); Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .