Hoje, na manhã após a realização do primeiro turno das eleições presidenciais, tive uma maravilhosa oportunidade de vivenciar dois momentos muito significativos para mim, deixando-me a pensar por um longo tempo, principalmente por haverem sido resultado de fatos reais.
A primeira notícia adveio de Lucileide, não se contendo de felicidade por finalmente haver tomado posse do seu lar: um apartamento obtido no Programa Minha Casa Minha Vida, aqui em Fortaleza, estado do Ceará. Inscrita no programa na época do governo Dilma Rousseff, hoje ela disse para mim: “É um sonho, seu Alexandre. Estou vivendo um sonho! E sabe de uma coisa, o senhor precisa ver meu filho de onze anos: não se contém de alegria por ter pela primeira vez na vida um quarto com porta, porque nos outros barracos onde nós moramos nós dividíamos o quarto com um pano”.
O segundo momento vem de uma correspondência de outra amiga, Jaqueline, que mora no estado do Paraná, muito sofrida e precavida por morar em um estado onde quase 60% dos eleitores votaram ontem em Jair. Num dos trechos de seu email, ela me diz: “Alexandre, falo somente quando alguém me pergunta. Por exemplo, hoje fazendo compras no supermercado, um jovem caixa comentou com a senhora empacotadora que a partir de agora será ótimo poder usar armas de fogo. A senhora empacotadora, com muita simplicidade disse: “EU PREFIRO A PAZ”. Então, criei coragem para dizer àquela senhora que estava do lado dela.
Lucileide irradiando alegria; Jaqueline experimentando o medo e a insegurança.
Constatei uma vez mais a importância de conhecermos bem os projetos políticos dos candidatos à presidência, atentos não somente ao que dizem, mas principalmente a como agem em seu dia a dia. Diz um ditado popular: “fala a boca do que está cheio o coração”.
Então, estejamos atentos: se há candidatos que ao serem questionados por temas importantes da vida econômica, política, cultural e social de nosso país não conseguem emitir sequer um pensamento coeso e coerente; se há candidatos que falam incessantemente sobre armas, violência, preconceito, discriminação social e étnica; se há candidatos que em sessões políticas oficiais televisionadas professam um contundente discurso de ódio e de apologia à tortura, isto não acontece por acaso. Isto ocorre porque seus corações estão repletos dessas questões. Devemos ter o máximo de cuidado, porque corações cheios assim transbordam em ações.
Que os exemplos de Lucileide e de Jaqueline nos ajudem a discernir sobre o que queremos para o nosso país ao exercitarmos nossa soberania popular neste segundo turno das eleições. Uma determinada escolha poderá fazer com que o sorriso e a felicidade de Lucileide se estenda a muitas outras mães de família pela continuação de políticas públicas voltadas para o bem da população. Uma escolha oposta poderá fazer com que o medo e a insegurança sentida concretamente na pele por Jaqueline se espalhe para todo o território nacional sem previsão do estrago que poderá causar na vida das famílias e dos cidadãos e cidadãs comuns.
Duas realidades bem opostas. Qual delas escolheremos neste segundo turno: a guerra ou a paz?