DIAGNÓSTICO DO MOMENTO ATUAL: DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

O Brasil começou a se perder (esquerdamente falando) quando escolheram o Temer para ser vice da Dilma. Vampiro assumido, Temer boicotou, tramou e articulou a direita mais fascista para se erguer, dar o golpe, assumir o poder e esvaziar as políticas públicas do Estado.

As pautas privatistas e moralistas, com o apoio dos evangélicos, quase destroem o país. Felizmente, se é que podemos usar essa palavra, o bolsonarismo é composto não só de maus caracteres, mas de gente imbecil de toda ordem de cognição. E quando essa gente tosca se sentiu no poder, ascenderam a violência e a ridicularização do conhecimento, como se o saber fosse uma droga a ser combatida.

A esquerda, demorou a entender os erros que cometeu, parte ainda não entendeu, absorvida pelo identitarismo excludente (aceito argumentos contrários dos marxistas e dos anarquistas ortodoxos convictos). Não há inocentes nas perdas que tivemos. Há um egoísmo de uma pretensa elite intelectual que ainda pensa que sabe mais do que as massas, em como solucionar os problemas das massas.

Há centenas de teses de doutorado distantes da realidade social. Grupos de pesquisas que invadem os territórios vestindo roupas conceituais de estrangeiros coloniais, mesmo se investindo da capa de progressistas. Quando entro em sala de aula, que começo a desmanchar os conceitos coloniais, percebo que o silêncio prevalece. Alguns já foram abduzidos pela linha tal do grupo tal e qual. Do diagnóstico que fiz em cada turma nesse semestre, 100% são cristãos, 99% não praticantes, só o professor foi condenado por agnosticismo. A maioria se assumiu preto ou pardo, nesse quesito estamos juntos. Todos são de cidades do interior e carregam rótulos criados em New York, Paris ou São Paulo, mas só uns 5 ou 6 conhecem João Pessoa ou Fortaleza, capitais dos estados onde nasceram a maioria.

Percebo, com isso, uma vontade enorme de pertencimento ao globalismo, embora desconheçam o que significa globalização fora do mundo das redes sociais. Aplicam conceitos prontos para uma realidade estranha, histórica e culturalmente antagônicas aos lugares onde vivem e continuam elegendo candidatos alienados e alienadores, representantes de uma elite boçal e predadora, muitos “capitães do mato”, a serviço do atraso.

Daí, questiono como alguém que se diz “trans”, inclusive lúcido, subestima outros excluídos por não terem aprendido as diferenças que são parte da estereotipagem que a elite mantém para afastar e excluir os não-normativos? Como alguém que se diz feminista ou anti-qualquer coisa determina um paralelismo de pensamento, fechado num mundo privado aos parceiros de luta, mas que exclui os possíveis simpatizantes das causas “anti?

Há um medo muito grande dos universitários de vencerem a cultura familiar tradicional, por um certo respeito, obediência e para não chocarem os mais velhos. São 31 anos na educação superior de observação e análise sobre esse Brasil sintonizado pelas redes sociais, mas afetado de preconceitos pelo coronelismo atrasado dos meios de comunicação e da classe política dirigente. Estamos prestes a ver uma eleição com um presidente de esquerda perder na maioria das cidades do interior.

Talvez falte ao governo mais convicção de que lado estamos nós, os progressistas. Certamente não estamos ao lado do Centrão, do bolsonarismo ou dos coachees  deocasião que querem dividir a resolução dos problemas do povo com pastores picaretas ou emplastros para tudo, como o de Brás Cubas.

O caso do ministro acusado de assédio foi um duro golpe nos direitos “das esquerdas”. O pior de tudo tem sido a execração pública sem o final da investigação e a devida conclusão do processo. Fico com a impressão de que, quando a direita erra, fica debochando da cara da gente, impunes, mas quando alguém da esquerda erra, apontamos os algozes e as vítimas com os mesmos dedos que apontam os malfeitos da extrema-direita.

O tempo de se mudar esse país é tardo, mas sempre é preciso mudar no agora. Estamos às vésperas de uma eleição que pode separar de vez o país entre um povo marginalizado e uma elite unida e indiferente a quem anda de ônibus, metrô, bicicleta ou a pé. De que lado você está?

Sobre o autor:

Compartilhe este artigo:

DIAGNÓSTICO DO MOMENTO ATUAL: DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

Uma resposta

  1. “Há um medo muito grande dos universitários de vencerem a cultura familiar tradicional, por um certo respeito, obediência e para não chocarem os mais velhos.” Aqui, acrescentaria a dependência econômica prolongadíssima dos “pimpolhos” de hj. E sim, tb tenho a “impressão de que, quando a direita erra, fica debochando da cara da gente, impunes, mas quando alguém da esquerda erra, apontamos os algozes e as vítimas com os mesmos dedos que apontam os malfeitos da extrema-direita”.
    Sucesso, Gildemar.