Não sou filiado a nenhum partido, já fui e acho importante ser. Não sou de direita, nem de centro e nem de esquerda, essas são terminologias eurocêntricas e vinculadas ao projeto de dominação e exploração capitalista. Tenho uma proximidade com a esquerda pelo seu compromisso social e a sua luta contra as desigualdades, mas os partidos de esquerda, depois do fim da guerra fria, aderiram à ideologia do fim da história e limita-se a querer administrar o capitalismo de forma menos perversa que os neoliberais e os conservadores. O maior objetivo do Lula era transformar o Brasil num país de primeiro mundo [dominador e explorador] com assento na seleta Comissão de Segurança da ONU, condição para exercer o subimperialismo na América do Sul. A situação do nosso país no pós-lula, e, dele próprio, me faz lembrar a obra de Lima Barreto: “Triste Fim de Policarpo Quaresma”.
Então, como me identifico politicamente? Sou contra o padrão mundial de poder, na forma como formula Aníbal Quijano, e um dos elementos do Padrão Mundial do Poder é o capitalismo, mas não o único instrumento de dominação, exploração e conflito. O Padrão mundial de poder é o processo de dominação da civilização moderna e pós-moderna, que hoje nos leva a barbárie com todo seu instrumental epistemológico, sua ciência e sua tecnologia definidora da subjetividade. Sei que a vida pede um comportamento mediador e paciência histórica para construir o novo, mas mediar não significa aderir ao projeto de dominação em nome de um suposto “realismo político”, que alimenta a disputa do poder pelo poder.
Na forma em que eu interpreto a conjuntura política no Brasil, os objetivos que iniciamos com as eleições de 2018 são: i – ter um governo legitimado pelas urnas e voltar às regras do jogo anterior ao golpe parlamentar de 2016; ii – resistir lutando para reverter todos os atos e reformas neoliberais implantados por Michel Temer; iii – se descolonizar do modelo neodesenvolvimentista ou Lulismo que, como afirma o cientista político André Singer, se esgotou e despedaçou-se em contradições; iv – construir um projeto para o país que possa, ao mesmo tempo, responder aos problemas do presente e aos desafios e exigências de um novo processo civilizador anticapitalista , portanto, não desenvolvimentista.
Para mudar o rumo dos ventos na direção de um novo processo civilizador o horizonte é a perder de vista, mas a ação política é aqui e agora, localizada e globalizada ao mesmo tempo. É preciso, agora, fortalecer a sociedade, como vem fazendo os moradores do Conjunto Palmeiras, que veem se organizando a partir dos quarteirões de rua, para garantir os seus direitos por meio de um comportamento político propositivo. É preciso, como diz Gramsci, fortalecer a disputar por uma nova direção política e moral da sociedade, ou seja, a construção de um novo bloco de poder não sistêmico.
Não prático o voto útil, mesmo encontrado sentido e importância nesse tipo de voto. Não voto condicionado a ganhar, mas voto em pessoas que dizem algo e fazem algo próximo do que penso, em pessoas que , mesmo diferente do que penso, contribuem para um outro mundo. Assim, nas eleições de 2018, meu voto será:
Presidente – Guilherme Boulos – 50
Governador – Ailton Lopes – 50
Senador – Pastor Simões – 500
Senadora – Anna Karina – 505
Deputada Federal – Helena Viera – 5001
Deputado Estadual – Renato Roseno – 50500