Covid-19

Amiga envia-me vídeo sobre “Veneza Vazia”. A força e a beleza das imagens, que tiveram para mim a mesma contundência da declaração, na quarta-feira 11, de pandemia pela OMS, em face do crescimento assustador do número de casos de contaminados pelo covid-19, mundo a fora, a um só tempo encanta e entristece.

É duro ver aquela que talvez seja a mais bela cidade do mundo, cenário consagrado aos amantes e artistas de todos os lugares, esvaziada ante a ameaça realista de contaminação descontrolada nesse país tão belo e tão rico em arte e cultura. De cortar coração.

Enquanto escrevo esta coluna, na tarde da quinta-feira 12, já somam 118 mil os casos no mundo, e algo em torno de 4.300 mortes já são registradas.

Só na Itália, até aqui, são 12,4 mil casos e quase mil óbitos. O número tende a crescer nas próximas horas, mesmo no contexto de um país em quarentena, onde só os estabelecimentos comerciais de alimentação e saúde mantém abertas as suas portas.

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump anunciou ontem o fechamento de suas fronteiras a voos originados da Europa, exceto do Reino Unido.

O Congresso americano cuida de liberar recursos na ordem de US$ 50 bilhões a fim de amparar com empréstimos a juros baixos pequenas empresas afetadas pelo surto do covid-19.

No Brasil, na contramão das evidências de que seremos frontalmente atingidos (o número de casos mais que dobrou em 24 horas), a irresponsabilidade de um presidente louco tenta manter a população indiferente à necessidade urgente de medidas que possam atenuar as consequências previsíveis de um surto já desencadeado.

Médicos cearenses advertem para a inexistência de uma estrutura hospitalar no estado que garanta assistência adequada aos afetados pela doença, como antevendo que o Ceará, cedo ou tarde, será inevitavelmente alcançado pelo surto desenfreado da doença.

Como consequência, é óbvio que se preveem mortes, nomeadamente entre idosos a partir dos sessenta anos.

A recomendação é de que se evitem as saídas desnecessárias de casa, os lugares públicos cujas condições sanitárias não atendam às medidas de precaução, entre os quais se incluem templos religiosos, cinemas, teatros, estádios, bares e restaurantes fechados e feiras populares.

É importante, destacam os profissionais de saúde, que, individualmente, as pessoas mantenham-se atentas em relação aos sintomas, mas que só procurem os hospitais quando as manifestações apontarem, efetivamente, para o risco de contaminação.

Assim, advertem, as unidades de saúde serão destinadas aos casos mais graves da doença.

O que era muito ruim, um país devastado pela desfaçatez, incompetência e obscurantismo dos que o governam, como jamais se pôde ver em toda a história da República, caminha a passos largos para o abismo mais profundo.

Alder Teixeira

Professor titular aposentado da UECE e do IFCE nas disciplinas de História da Arte, Estética do Cinema, Comunicação e Linguagem nas Artes Visuais, Teoria da Literatura e Análise do Texto Dramático. Especialista em Literatura Brasileira, Mestre em Letras e Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais. É autor, entre outros, dos livros Do Amor e Outros Poemas, Do Amor e Outras Crônicas, Componentes Dramáticos da Poética de Carlos Drummond de Andrade, A Hora do Lobo: Estratégias Narrativas na Filmografia de Ingmar Bergman e Guia da Prosa de Ficção Brasileira. Escreve crônicas e artigos de crítica cinematográfica

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Alder Teixeira

Professor titular aposentado da UECE e do IFCE nas disciplinas de História da Arte, Estética do Cinema, Comunicação e Linguagem nas Artes Visuais, Teoria da Literatura e Análise do Texto Dramático. Especialista em Literatura Brasileira, Mestre em Letras e Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais. É autor, entre outros, dos livros Do Amor e Outros Poemas, Do Amor e Outras Crônicas, Componentes Dramáticos da Poética de Carlos Drummond de Andrade, A Hora do Lobo: Estratégias Narrativas na Filmografia de Ingmar Bergman e Guia da Prosa de Ficção Brasileira. Escreve crônicas e artigos de crítica cinematográfica