Meu gato hoje me disse
Deixa de tolice
De disse me disse
Vai Alice
Os ares são bons
Você sabe os tons
Você tem os dons
Dim-dim, dom-dom
Vai, mulher, você sabe o que quer
O céu azul, o mar verdinho
O teu quintal tem um carinho
E um caminho pra
Quantas travessias já fiz
Nem sempre fiquei feliz
Mas quando o coração me diz
E o estômago sinaliza
E no âmago quase cristaliza
A ideia de ir,
Eu vou
A vida não alisa
Aliás, eu voo
Rasante e adiante me arrisco
Risco os ares
Singro os mares
Sangro o peito
Arrumo o melhor
Como é lindo o peito do seu pé
O pé da sua barriga
A boca do teu estômago
Sorri pra mim
E o céu claro da tua boca tem azuis impossíveis
A cabeça inteligente dos teus dedos me capta.
Toca uma canção
O começo e o fim
Quando Osvaldo Euclides de Araújo me convidou para escrever sobre escritor e leitor, (escrita e leitura), atividades aparentemente solitárias, mas tão coletivas quanto outras, “num outro nível de vínculo”, fiquei encabulada. Não me considero uma boa leitora, digo isso porque,
Como um brilhante estonteante
Teus olhos reluzem
O que me dizem?
É preciso caminhar mais adiante
O Sol e a Lua esperam por você
Dia e noite serenamente
Aguardam teu olhar
Chegar e brilhar
Dia após dia a menina dos teus olhos brilha
Minha filha diz que sim
Olha pra
Ando prestando atenção em troncos de árvores. Menino… é cada desenho…. Eu tenho que registrar. Tem corpus femininos, cavernas… pernas compridas pra cima. E tem alguns desenhos que qualquer um vê o que pode, o que quer ou imagina ver.
Nesses
Filo Sophia
Filhos de um tempo
Um flash
Uma geração splish splash
Olhos bocas nariz
Eu era tão feliz
Por pouco não fui atriz
No escurinho do cinema
Ninguém viu a nossa cena
Hoje é Netflix sexy pix
Hummm kiss me quick
Espero que fique
Nem me explique
Tenho tic tic tic
Sou cheio
Mona Lisa dos Pets
Vedete do brinco de pérola
Sem raiva sem cólera
No real ou nas telas
Tão bela
Olhar de pureza divinal
Toda graça feminina é fatal
Rainha de toda beleza
Dona de tanta certeza
Da sua força espiritu-au-au
Olhar hipnotizante
Brinco de pérola brilhante
Vede assim como sou
Um amor
Quem desbotou as cores
Foi ele
Quem aliviou as dores
Foi ele
Murchou as flores
E pôs rugas na Dolores
Ele!
Amenizou os horrores das guerras
Mostrou a resposta da Terra
À nossa ganância
Ele está, ele é
Nós nem demos fé
A gente passa e há fumaça
No ar
A cor é cinzenta
A
Carregou o lixo apanhado
Curvou-se pelas ruas
Levou a vida na espinha dorsal
Cada um dos sete espera o sal
O doce, o gosto dos restos
Um mingau
A mulher vem dando frutos
Frango frito, farofinha pelas costas
A prole gosta
A mulher se gasta
A mesa está posta
Na madrugada
Beijinho na pedra
Renasce, medra
Atravessa eras
Remove heras
Beijinho na pedra
Quem dera fosse
Ainda doce
Resiste aos anos
Ao sol de todo dia
Às luas de magia
Às chuvas, torrentes
Segue, firmemente
Beijinho forte
Resiste à morte
Beijinho de amor
De amorzinho
Do coração
Parece fraquinho
Mas não é não…
02/09/2024
Dora de Paula
Foto : Aci Maia
Juraci Maia