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A lógica da produção destrutiva

“[…] em seu sentido e tendências mais gerais, o modo de produção capitalista converte-se como inimigo da durabilidade dos produtos: ele deve inclusive desencorajar e mesmo inviabilidade as práticas produtivas orientadas para a durabilidade.”

“Quanto mais “qualidade” as mercadorias apresentam (e aqui a aparência faz a diferença), menos tempo de duração elas devem efetivamente ter. O desperdício e destrutividade acabam sendo os seus traços determinantes”.

“A necessidade imperiosa de reduzir o tempo de vida útil dos produtos, visando aumentar a velocidade do círculo produtivo e desse modo ampliar a velocidade da produção de valores de troca, faz com que a “qualidade” seja, na maior parte das vezes, invólucro, a aparência ou o aprimoramento do supérfluo, uma vez que os produtos devem durar pouco e ter uma reposição ágio no mercado”.

“A indústria de comutadores […] mostra-se pela importância do mundo produtivo contemporâneo, exemplar dessa tendência depreciativa e decrescente do valor de uso das mercadorias. Um sistema de softwares torna-se obsoleto e desatualizado em tempo bastante reduzido, levando o consumidor à sua substituição, pois os novos sistemas não são compatíveis com os anteriores. As empresas, em face da necessidade de produzir o tempo entre elas, incentivam ao limite essa tendência destrutiva do valor de uso das mercadorias.”

“Com a redução dos ciclos de vida útil dos produtos, os capitais não têm outra opção, para sua sobrevivência, senão inovar ou correr o risco de ser ultrapassados pelas empresas concorrentes […].”

“Claro que aqui não se está questionando o efetivo avanço tecno-científico, quando pautado pelos reais imperativos humano-sociais, mas sim a lógica de um sistema de metabolismo do capital que converte em descartável, supérfluo e desperdiçado àquilo que deveria ser preservado, tanto para evitar uma destruição incontrolável e degradante da natureza, da relação metabólica entre homem e natureza. Isso sem mencionar o enorme processo de destruição da força humana […].”

(Trechos do livro Os sentidos do trabalho de Ricardo Antunes; Boitempo, 2002).

Thinally Ribeiro

Graduanda em Serviço Social na UECE.

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Thinally Ribeiro

Graduanda em Serviço Social na UECE.