A instabilidade política e financeira do governo e as incertezas internacionais como juros nos EUA, crise na Grécia e bolsa chinesa vêm gerando novos repiques na cotação do dólar e provocando dúvidas quanto à fixação de um patamar da moeda americana.
O governo parecia não mais ter interesse em intervir no mercado de câmbio, visto que em março o Banco Central informou o fim do programa de oferta diária de operações de swap cambial. Em seguida, redução também na oferta de contratos de swap cambial tradicional. Operações estas que, até julho de 2015, já registraram um prejuízo de cerca de R$ 57 bilhões. E que mesmo assim, não impediu a elevação da cotação. A cotação em dezembro de 2014 fechou em média de R$ 2,65 e já operava em média a R$ 3,42 no final de julho. Ou seja, uma variação de mais de 29%.
Contudo, nos últimos dias verifica-se o fortalecimento da sensibilidade do mercado às instabilidades. No que se observa uma tendência crescente da cotação, chegando em alguns momentos ao patamar de R$ 3,60, fazendo com que o Banco Central voltasse a intervir no mercado de câmbio com as operações de swap cambial. Demonstra que a taxa acima de um patamar de R$ 3,50 não parece ser interessante para a política econômica do governo.
Parece ser uma enxurrada de moeda, visto que passaram a ser oferecidos ao mercado até 11 mil contratos de swap cambial, ante a uma oferta diária de 6 mil contratos desde o início do mês. Se mantiver o novo nível de oferta até o fim do mês, o BC vai rolar praticamente 100% do lote que vence em setembro, ante a projeção anterior de rolagem de 60%, mesmo patamar do mês anterior. E isso demonstra ao mercado que a autoridade monetária assume que sua moeda está frágil, podendo levar a um cabo de guerra com o mercado, dado que parte pode buscar especular.
O que se resta saber é se o Banco Central irá ser capaz de, ou terá interesse em conter as oscilações que ocorrem com os acontecimentos políticos, como: as pautas-bombas do Congresso, um possível processo de impeachment, um possível afastamento do presidente da Câmara e/ou Senado, dificuldades na aprovação do ajuste fiscal. Bem como a elevação dos juros nos Eua e instabilidades internacionais que podem ocorrer ainda em 2015.