Veja como a revista Veja editorializa notícias. Regra básica do jornalismo, a separação entre opinião e informação, não foi seguida pela revista.
Em sua mais recente edição, a revista Veja faz na página 10 seu editorial (opinião) semanal, que ela chama de Carta ao Leitor, sobre a crise financeira da Grécia. Leia trecho em que a revista qualifica a consulta ao povo de patética e inútil:
“…O que se viu no plebiscito grego foi uma patética tentativa de separar o exercício da democracia dos requisitos básicos de funcionamento de uma economia moderna e interligada internacionalmente. Sabendo da inutilidade da consulta, mesmo assim o governo perguntou ao povo, em última instância, se queria anular as leis econômicas pelo voto…”
Na página 62, em notícia (informação) sobre o assunto, a revista coloca logo abaixo do título da matéria, logo na abertura, a seguinte frase:
“Por que eles não fazem um plebiscito agora para perguntar aos gregos se eles querem fortuna, saúde e vida eterna?”
Para fazer uma conexão com o Brasil, voltando à página 10, do Editorial, a revista cita a frase de um senador brasileiro que ela diz ter “vasta experiência administrativa e conhecimento econômico”, mas não lhe diz o nome. Eis a frase do ilustre senador oculto que a revista destaca:
“Tenho saudade do FMI. Quando seus técnicos vinham ao Brasil, era para nos ajudar a sair da crise”.
Duas linhas acima, no Editorial, a revista refere-se ao FMI como “reserva de bom senso”.