Juros nas alturas, endividamento e inadimplência: para onde vamos?, por Ricardo Coimbra

Os juros parecem não ter limites no Brasil. Somente a taxa média cobrada no cartão de crédito rotativo teve uma elevação de 10,1%, apenas de outubro para novembro, chegando a 415,3% a.a., em novembro, segundo dados do Banco Central. E o pior, é que o cenário, poderá ser ainda pior nos meses subsequentes, em função da perda do grau de investimento e da falta de certeza sobre o controle inflacionário.

Em relação ao cheque especial, o cenário não é diferente. Os juros saltaram de 278,1% a.a. para 284,8% a.a. também de outubro para novembro. Chegando a atingir o maior patamar desde junho de 1995, que fora de 283% a.a. Se analisarmos em 12 meses, os juros do cheque especial já subiram 93%.

Já em relação aos juros para compra de veículos por pessoas físicas, esse saltou de 25,9% a.a. para 26,2%a.a. Quando se verifica as operações de crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o consignado) esta saiu de 120,4% a.a. para 129,3% a.a. e nas operações do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) também elevou, saindo de 28% a.a. para 28,4% a.a. As elevações foram tão significativas que fizeram com que a taxa média de juros cobrada das pessoas físicas nos empréstimos concedidos através de recursos livres elevasse de 64,7% a.a. para 64,8% a.a. Passando a ser o maior patamar desde o começo da série histórica, iniciada em março de 2011.

O impacto se reflete na elevação do endividamento e da inadimplência. Onde o nível de endividamento dos brasileiros voltou a crescer e já chega a 61,1% das famílias, sendo 1,8% superior ao de novembro de 2014. Fato que também pode ser constatado na elevação da inadimplência, pois como vimos anteriormente os juros do cartão de crédito rotativo e do cheque especial são os mais caros do mercado. E fez com que a inadimplência no rotativo chegasse a 35,4% e a do cheque especial fosse de 14,3% para 15,1%.

Dado o cenário incerto sobre o controle inflacionário e com uma perspectiva de que a taxa Selic possa passar de 14,25% a.a. já no início de 2016, o utilizador de crédito fica em polvorosa sobre até que patamar os juros podem chegar.

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.

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Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.