Uma harmonia na política brasileira em favor do povo – por HAROLDO ARAÚJO

Os alarmistas diziam que qualquer governante sucumbiria aos movimentos de rua e sucessivos protestos e não governariam, se não contassem com o apoio dos líderes de movimentos sociais e sindicais. Esses movimentos elegeram representantes no parlamento e engrossaram fileiras nos partidos políticos, alguns trabalharam contra as principais propostas de modernização da economia. Atitude que mais parecia política de terra arrasada: Ainda bem que só pareceu!

O conteúdo dos destaques apresentados no Congresso bem que poderiam ter sido incluídos no relatório, porque foram mais de 6 meses de debates com relator da Reforma da Previdência. Os governadores da região Nordeste atuando em bloco e com alguns fazendo dois discursos, um para seus eleitores e outro para Brasília. Tudo isso, deixa o país muito assustado com a política e seu esgarçamento, quando mostra os interesses políticos acima dos interesses da nação.

A Rússia utilizou uma estratégia que ficou conhecida como “Terra Arrasada”. Em conflito com potências europeias, como a França de Napoleão e a Alemanha de Hitler, promoveu a retirada de civis e militares da área de conflito e, para isso, teve que destruir tudo que houvesse no caminho das tropas inimigas e para que não encontrasse nada que lhes pudesse favorecer e inversamente encontrasse dificuldades e algum ambiente hostil. Ressalvo que lá era uma guerra.

A comparação entre o procedimento histórico se deve a estratégia russa de não facilitar a vida dos inimigos.  A analogia que se faz tem mera cunho didático em face do apelo que tenho feito, de forma repetida, para que entendam que o Poder Executivo e o Poder Legislativo precisam ter o bom senso de entender quando precisam ser harmônicos. Os opositores não lidam com um inimigo, mas com um aliado na intenção de corrigir os rombos. O desejável seria o bom senso.

Trabalhar em favor do povo é trabalhar em favor do Brasil. Trabalhar contra o Brasil é fazer política de terra arrasada. E o que é isso? Durante a evolução da democracia e seu processo que já superou dois impeachments e um longo período de exceção, quem mais tem sofrido é o trabalhador. Em nome da democracia, elegemos governos que, raras exceções, nos trouxeram crises e não raras vezes precisaram de medidas paliativas: “Pacotes e rombos não enfrentados.

Abissais rombos exigiriam o sacrifício do povo para sua superação. Os partidos de oposição, ao invés de colaborar para que o sacrifício não fosse tão prolongado, como foi, teriam sim que ter protagonizado uma cruzada como tem sido a atual de Bolsonaro e Rodrigo Maia. Como? Poderiam ter aprovado a reforma da previdência, antes que se consolidassem novos riscos de volta ao baixo crescimento. O mínimo que podem fazer é não fazer política de terra arrasada.

Ainda havia quem tentasse azedar as relações do Presidente da República com o poder legislativo e o Senador Davi Alcolumbre. O Presidente do Senado da República, comandou processo de votação do projeto (PLN 4/19) em que foi autorizado o Crédito Suplementar de R$ 248,9 Bilhões para cobrir Despesas Correntes, ainda que por meio de operações de crédito. A matéria já havia sido aprovada pelos deputados por 450 votos. Enviada ao executivo para sanção

Agora o Presidente da República que deu a senha para essa atitude de Rodrigo Maia: “O Poder Executivo já fez a sua parte, cabe agora à Câmara dos Deputados fazer a sua parte”. Algo inédito? Sim. E a atitude de ambos é tão transparente que Rodrigo Maia já se entusiasmou e vai destravar a Reforma Tributária. Parlamentarismo? Não. Presidencialismo de Coalisão? Também não. Uma nova política? Acho que é a conclusão mais provável. Congresso vai trabalhar mais agora.

Falo de um enfrentamento tão longo, quanto desnecessário, entre o poder executivo e o legislativo, quando a CF 1988 fala de Independência e, também, de “Harmonia”.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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