As fábulas da Criação: a terra é plana, Adão e Eva é de direita e o macaco de Darwin, de esquerda
O “criacionismo” ganha força no Brasil. Novos “olhares” são lançados sobre a história do homem e da mulher sobre a terra. O “finis terrae” é prova de que o planeta é uma planície arquitetada pelo Criador, inspirado nas linhas da baushaus, não há ladeira nos mares e oceanos, logo a terra não é redonda. O homem é nascido de uma mulher, cuidadosamente montada a partir de um costela de Adão, obra do Criador que deixou Miquellangelo tomado de inveja. Adão foi esculpido no barro, argila do Éden, e o Moisés de Miquellangelo, de mármore de Carrara… O macaco de Darwin foi uma obra de ficção mal acabada. Até então, essas intrincadas questões eram de natureza científica ou religiosa. Com o tempo, a transformação do homo sapiens em homo ideologicus fez do macaco e de Darwin ativistas de esquerda e de Eva e Adão, militantes de direita.
Há 3 anos
Duas afirmações temerárias: que o Brasil está preparado para enfrentar o coronavírus e que não há motivo para pânico. Ainda.
Esquerda ou direita?
Fascista ou nazista é todo aquele que não pensa como nós – e diz porquê.
Ideologias
Povo carente de educação é presa fácil de qualquer ideologia: todas prometem a salvação por caminhos improváveis.
Cortes e Cortes
Usarão as Cortes Supremas, por onde quer que existam, os mesmos métodos e critérios e a mesma suprema indiferença em relação ao bom senso e ao interesse público – presas a velhos tropos jurídicos, doutrinas e concepções? Ou as novidades ainda por desembalar?
A pós-modernidade brasileira
Decididamente, nós, brasileiros, somos modernos, mais para pós-modernos.Sem educação, vivendo na pobreza, sem família estruturada, desfeita pelos desafios da sobrevivência e da miséria, ralos princípios morais e formação religiosa de ocasião, na crença de divindades múltiplas, paternalistas e regeneradoras – qual a imagem que fazemos do mundo e dos valores de uma sociedade civilizada?
A lanterna na escuridão
Um país mergulhado na escuridão da ignorância. Deixamos governos autodenominados “democráticos”, populistas no desvio das conveniências, entorpecido por ideologias que minavam as suas decisões e estratégias de governo – para mergulharmos no “salvacionismo” anunciado pela “revelação” de outro governo, sem prumo político e, aparentemente, sem rumo.
Utopias para lá de utópicas
As utopias por parecerem assim tão boas e portadoras de grandes transformações entrevistas pela criatividade, transformaram-se em um grito de fé. Usá-las para redimir as criaturas e as suas dores e desesperanças sem que elas conheçam as intenções do gesto obsequioso é armar uma fake news histórica para legitimação de rancores e anseios estimulados. As ideologias, como a fé, são promessas de uma salvação impossível, ópio para convencer os desvalidos de esperanças.
Discriminação “cabeça-chata”
Universitários cearenses dão um “susto de brincadeira” em família judia, desrespeitando a sua origem étnica e religiosa. Cearense, fruto de uma saudável miscigenação, não pode dar-se ao luxo de discriminação racial. Por aqui, como dizia Gilberto Freyre, nossos ancestrais estão na senzala ou nas sacristias…
Lavanderia
O Brasil tornou-se uma imensa lavanderia, parafraseando Chico…
Mau jornalismo
Greenwald significa “mau jornalismo”, em inglês: “Nixon was found of greenwalding his opponents”.
Jornalismo
O jornalismo não e crime: é expressão da liberdade e da democracia. Depende do uso que dele se faz…
A dialética, obra divina
Um amigo reflexivo, como os tenho – e bastantes, diz estar convencido de que a dialética é um sopro divino, é criação bem sucedida do Criador. Céu e Inferno – e um Poder Moderador, o Purgatório.
A reabilitação de Stalin
Começou o passa-pano para a reabilitação de Stalin como estadista e líder dos povos. Não será de admirar quando começarem a escovar o bigodinho de Hitler…
Evolução de ideias
A universidade brasileira, nas últimas três décadas abandonou a condição de “cidade da inteligência” para as utopias de uma “aldeia ideológica”.
Luta de ideias
Como serão tratadas as confissões fundamentalistas e as ideologia radicais que se chocam com a essência dos princípios democráticos? Há quem, teimosamente, defenda o emprego radical de instrumentos mais revolucionários — como a educação, por exemplo.
A universidade ensina ou aprende?
À universidade importa entender, produzir e construir conhecimento. O resto fica para as instituições e os partidos em uma democracia estável e organizada.
Realismo político
O “realismo político” dos partidos políticos, no Brasil, está na chave do erário. Não há vida útil política no Brasil sem o sopro do Estado e de suas “burras” republicanas.
Os culturocratas, a nova classe
E os culturocratas, hein? Serão tudo ou não serão nada…
A invenção de Bolsonaro e de Lula
Quem inventou Bolsonaro? Bolsonaro é a criação de uma convergência de fatores, muito mais divergentes do que geometricamente convergentes. Esquerda e direita alimentam-se de seus contraditórios históricos salvacionistas. Ele é a síntese dos contrários, é a força resultante de movimentos que se opõem e se anulam. É fruto da pobreza, da ignorância e da cupidez das elites e de utopias mal enroladas e das revelações de um populismo que, entre nós, é a versão corrente de anunciadas formas de esquerda. Lula fala platitudes, obviedades, com visível descuido. Assim como o povo gosta. “ — Para quem dizia “menas verdade”, usar a expressão “em passant” já é algum progresso”, confessa o citoyen Lula da Silva…. Bien sur, monsieur.
A universidade no Brasil
A universidade pública é autônoma, didática e administrativamente, mas não é soberana dentro do Estado. Ela responde pela missão que lhe é própria, que vem de suas origens remotas, enquadra-se nos limites da lei e da organização política do país. É pública pela destinação do seu trabalho e pelos meios que a sustentam. Mas não é estatal, desde que os recursos que a mantêm têm origem na contribuição dos cidadãos. O Estado não gera os haveres que o mantêm. Assim, a universidade. Assim funciona a democracia e o governo por ela legitimado diz-se democrático.
Explicadores profissionais
Há tanta insensatez espalhada pelo mundo (ainda que não seja de modo equitativo) que a mídia que tudo sabre, sobre tudo opina e julga e preconiza o futuro e o passado, que poderia dispensar os seus comentaristas. Não há mais o quê explicar.
A mídia e o governo
A mídia não precisa de repórteres: o governo produz os fatos e as notícias.
As derradeiras instâncias
E que tal falarmos sobre a prisão em 2ª. Instância antes de derrubarmos o capitalismo?
Democratas de ocasião
Difícil mesmo é tolerar a opinião dos outros.
Goebbels e a Cultura
Fantástico! Precisou um secretário desmiolado citar Goebbels para todo mundo sair teorizando sobre Cultura … e liberdade.
Os avatares da Cultura
“Quando ouço falar em Cultura, puxo o meu revólver”, de uma peça teatral de Hanns Jost, 1933. “Quando ouço falar em revólver”, saco minha cultura, Luis Pawells. “Quando ouço falar em cultura, saco o meu talão de cheques”, de uma magnata-mecenas americano.
Funk
“Funk também é cultura”, de um pensador de programas de auditório.
Fé de menos ou fé demais
O problema não é ter medo do fim. É pressentir as dores físicas e morais do fim. A fé, infelizmente, nem sempre tem efeitos analgésicos opioides…
Ideologias
As ideologias radicais veem na liberdade de expressão ameaça perigosa às suas crenças e ao espírito de construção de “um novo homem”…
Fascistas são os outros
Ditaduras e as leis
Ditadura que se preza, de direita ou de esquerda, não sobrevive sem leis, normas e uma Constituição. É da sua índole…
As ideologias que mais suspeitam da liberdade são as que mais defendem a democracia – e a liberdade.
Há uma incompatibilidade de origem entre as ideologias salvacionistas (esquerda/direita) e a liberdade de expressão.
Dinheiro para a Cultura
Há algumas formas, dentre outras, para manietar e controlar a cultura: censurando ou financiando, detratando ou elogiando. Os prêmios, os sodalícios e a vida literária constroem os escritores, só não lhe trazem leitores. Leitor está em falta no mercado.” Tem, mas está faltando…”
Arte nacionalista?
Onde o nacionalismo sequestrou a arte, roubou, antes, a liberdade.
Discípulos sem mestres
No Brasil, ninguém é discípulo de ninguém. Todos agem por conta própria.
Mais Maias
Em algum tempo perdido no passado, juristas inspiravam ideias e propósitos de governo. Hoje, Pachecos e Liras controlam as gavetas, a pauta e a República e estão prestes a fundar um novo sistema político.
Rio de Janeiro
RJ: Um juiz de Deus e um juiz de Vara. Já Minas, tem um Juiz de Fora. Salve-se quem puder.
Proust
Proust reconhecia a um primeiro olhar entre intelectuais e homens de sociedade, os “inúteis” e os “inúteis indispensáveis”. Madame de Thèbes interpretava para Proust a linguagem hermética do non-sense das conversas do restaurante do Ritz.
Vida difícil
Está difícil viver com certa dignidade entre tanta imbecilidade. No Brasil, o “amor próprio” fugiu antes de ser “ferido”…
Direita/esquerda
A diferença essencial entre direita e esquerda não está na terapia proposta. Mas na sua posologia. Não é uma questão de ideologia, mas de simples topografia ética…
Os extremos se tocam
Os extremos ideológicos não vivem um sem o outro. Como nenhum deles tem peso específico, só existem no contrapeso – um do outro.
Sartori
Giovanni Sartori, indagado por um aluno se era de direita ou de esquerda: “— Há muito tempo procuro saber”…
Liquidação
O funk, o axé e a música sertaneja liquidaram com a música popular brasileira. Mas a Lei Rouanet enriqueceu os solfegistas de uma nova era.
Erros
Esmero-me na escolha do próximos erros que cometerei. Por uma questão de criatividade – uma certa vaidade, de fundo – não quero repeti-los…
Essa capacidade de aceitar o novo é que nos permite não repetir os mesmos erros: cometemos outros mais sofisticados.
Valéry
“La liberté est un état d’esprit”. Que o digam os gulags de Stálin e a Papuda de Brasilia…
O Porschat e Maomé
Faltou gás e coragem para a turminha da Porta dos Fundos fazer gracinha com o profeta Maomé…
Com quantas universidades se faz uma Universidade de Harvard?
Renúncia parlamentar
E se o Congresso, num assomo patriótico, renunciasse coletivamente?
Os dois poderes
O STF legisla, julga e administra. O Congresso nomeia e gasta. A amputação de Montesquieu.
Parlamentarismo/presidencialismo
Uma República que mal se sustenta com um presidencialismo de ocasião, vai mudar com um semi-presidencialismo ?
Senado
Que força sobrenatural domina a presidência do Senado? Por que os seus presidentes assemelham-se tanto?
A mediocridade no Poder
Por que os medíocres fazem carreira nos governos e lá ficam por tanto tempo. E se reproduzem com tamanha rapidez ?
O juridiquês em debate
Os tropeços teóricos que acodem a alta judicatura e a baixa também, impõem reforma urgente do ensino jurídico. Suspeita Beneplácito Astuto, o jurista que fala javanês, que de direito os bacharéis podem até saber um pouco, o que eles não sabem ainda é que não falam português…
Da justiça dos homens e de Deus
No princípio, fez-se o verbo. Depois, os substantivos, seguidos dos adjetivos e, por fim, os advérbios. No oitavo dia, o Criador descansou – e criou o transitado em julgado em última instância. Após, naturalmente, alguns embargos de declaração.
Desvio de dinheiro público
A ação por desvio de dinheiro público prescreverá em 5 anos. É o que se poderia chamar de incentivo ao empreendedorismo público-privado. Melhor do que empréstimo a fundo perdido do BNDES…
Como criar um partido político
Para criar um partido político, no Brasil, não precisa de povo. Basta meia dúzia de cartolas. O Fundo partidário faz o resto.
O sonho de Montesquieu
Montesquieu acordou e recriminou-se: “—Por que não me ocorreu criar um Quarto Poder?
Morales imorales
Morales, o Evo, bem entendido, de vasta cabeleira preta com asa de graúna, declara que voltará para “pacificar e redemocratizar” a Bolívia. Esse lado irônico de Morales não era conhecido.
Instâncias e Varas
Com quantas instâncias se cumpre justiça no Brasil?