O Banco Central finalmente fez um primeiro gesto para reconhecer que a inflação despencou do patamar de dez e meio por cento para o patamar de seis por cento ao ano, fazendo com que até o “mercado” preveja que até dezembro o índice anual encoste no centro da meta, 4,5%.
Ora, ora, salve, salve, a autoridade monetária reduziu um pouquinho o escândalo: enquanto praticamente o mundo capitalista todo opera com juro zero ou negativo (seja em termos reais, seja em termos nominais), o Brasil, com seu juro real de mais de 7 por cento ao ano só se nivela (e por cima) aos dois países comunistas, a Rússia e a China, que têm respectivamente,juros reais da metade e de um terço do juro brasileiro. Estranho, não?
Não, não é estranho. O juro no Brasil é uma aberração. O juro dos títulos da dívida pública é uma aberração. Os juros do cartão de crédito são uma aberração. Os juros do cheque especial são uma aberração. Os juros do mercado livre de pessoas físicas e jurídicas são uma aberração.
Para muitos analistas, os juros baixos do BNDES é que são uma aberração (no caso, por serem baixos – sic).
Como não há competição entre bancos, como não há nenhuma pressão sobre a instituição reguladora e como o empresariado que produz enfraqueceu politicamente, é quase ingênuo esperar tempos melhores em termos de oferta de crédito e de custo do dinheiro. O oxigênio para o setor produtivo vai continuar escasso.
A queda da Selic será positiva no custo da dívida, se não for imediatamente compensada com oscilações bruscas da taxa de câmbio, que geram perdas indiretas imensas para o Tesouro.
Em suma, o sinal é positivo, há esperança, mas a confiança é pouca.