Morei muito tempo na roça. Criei muitos animais domésticos. Taurus era um cachorro grande, leal, valente e assertivo. Quando eu batia o pé e dizia, pega, a presa já estava no dente. Com ele não havia conversa fiada.
Pontaria era uma cadela da mesma raça e tinha os mesmos atributos.
Num certo momento, Pontaria ficou prenhe (desconfio que fez traquinagens com Taurus) e pariu uma ninhada de cachorros. Tinha cão de todo jeito e cor. Todos receberam apelidos de acordo com as suas características.
O maior e mais comprido, que era minha grande esperança, foi batizado por Camelo. Pensei que iria ser o substituto natural de Taurus, seu pai, que estava ficando velho, mas continuava corajoso, resiliente e leal. O mais indicado para representar o seu legado.
Num belo domingo, dia 13, não me lembro o mês, tive a ideia maluca de ensinar Camelo a cuidar das ovelhas, pois na região havia muitos lobos. Não tardou muito. Comecei a observar que Camelo estava sempre distante das ovelhas e cada vez mais próximo dos seus inimigos, os lobos.
Arrependido e decepcionado, quando tento me aproximar para tirar dele o número 13 que está coleira, ele dá desculpas e foge com o rabo entre as pernas. De repente eu o vejo sorrindo no meio da alcateia de lobos e distante das ovelhas.
Dizem que no próximo dia 15 haverá um ataque e as ovelhas poderão ser mortas.
Responsabilidade sua, Camelo! Que coisa feia você está fazendo! Tão grande, tão covarde, tão desleal.
Incrível, Camelo! Você é um FDP!