A sociedade que esvazia-se de si ou a nova chance da política ser caminho de aperfeiçoamento, por Danilo Ramalho

Dias atrás ouvi de um candidato ao posto de vereador algo que realmente fez sentido: “Acho que o novo jeito de fazer campanha, mais silencioso e menos poluído visualmente, acaba por facilitar a vida de quem realmente deseja conversar com os eleitores, e estes acabam por ter mais possibilidades de refletir, sem tantos apelos visuais e sonoros”.

Estamos mesmo presenciando uma virada de páginas. Ainda há as grandes somas de dinheiro investido, mas, é possível, nunca se repetirá o que acompanhamos em anos anteriores. As mudanças foram vindo e chegaram às atuais proibições que não vou pontuar por serem conhecidas. Caso não, basta uma rápida procura na internet. O que vale à pena mesmo é refletir sobre as possibilidades apontadas pela sociedade. Não há dúvidas: senhores políticos, estamos preparados para mudar. Conduzi-nos.

Nada sobre consumo, sobre ascensão econômica de classes e coisas assim, mas sobre o aperfeiçoamento como povo, como pessoas oriundas de uma mesma história a caminharem com foco no “nós” e não apenas no “eu”. Não se trata de acreditar em contos de fadas ou em mudanças radicais, de carruagens em abóboras e vice-versa. Definitivamente, não. A crença aqui é algo como jogar a semente na terra em época certa, como sabem os agricultores há incontáveis gerações. Então, esta é a hora da política ser usada para lançar inúmeras sementes para germinarem na nação os inúmeros frutos de que tanto necessitamos para assumirmos nosso papel no mundo.

“A justiça não deve ser procurada na igualdade,

mas na equidade”.

Estamos prontos, maduros, sedentos, buscando exemplos que façam, de cima para baixo na escala do bom modelo, as virtudes para nos tornarmos brasileiros, pois, até agora, o máximo que conseguimos foi um rascunho de nós, como país.

É chegada a hora, nessas eleições, do homem honesto ser o político honesto e, sem temer, mostrar que ser assim vale os sacrifícios. É deste exemplo que nossa sociedade tem fome. Mas as sementes são variadas, de muitas espécies, e necessitamo-las todas: competência administrativa, cultura, gestão de pessoas, visão empreendedora, valores cristãos, riquezas tradicionais etc. Não esperamos tudo em um só homem (longe de nós novos salvadores da pátria!) mas, em grupos de homens e mulheres, aqueles que em breve devem ascender ao poder por meio do voto.

Estamos prontos para seguir ao nosso – repito – aperfeiçoamento como nação, povo, homem e mulher, usando a ferramenta da política, tão grotescamente utilizada ao longo de décadas por quem defendia o “eu”, e nunca o “nós”. Aqueles que defendiam falácias, mentiras, revoluções, e manipulava necessidades e desejos há tempos represados nos corações devem ser extirpados da carne e da mente dos brasileiros. Não se faz uma nação apenas com consumo e com crenças de que este é o único caminho de libertação, mas com almas e mentes elevadas. E já percebemos isso.

Percebemos também que somos todos, universalmente, co-autores de nossa evolução. Muitas ilusões foram pregadas ao longo do tempo e estragos foram feitos por partidos que apenas desejavam o poder pelo poder, e nunca o poder pela mudança e melhoria da sociedade, pelo menos não a melhoria profunda, aquela que desejamos para nossos filhos, para que, depois, possam andar por si. Queriam-nos cegos.

Como escrevia Georges Chevrot, “a justiça, portanto, não deve ser procurada na igualdade, mas na equidade”. Tenhamos, nestas eleições, a sabedoria de repelir definitivamente as mentiras e abraçar as verdadeiras razões que nos podem tornar brasileiros definitivos, com muito orgulho de sê-los.

Danilo Ramalho

Jornalista, Consultor e Professor na Academia da Palavra

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Jornalista, Consultor e Professor na Academia da Palavra