Francisco Caetano de Freitas, brasileiro, divorciado, nascido em Várzea Alegre, Estado do Ceará, no dia primeiro de julho de 1953. Estudou em escola pública toda a vida, trabalhando de dia e estudando à noite, desde o segundo ano primário. Cultiva a poesia de muitos poetas, principalmente poetas brejeiros, e herdou deles o tom. Seu Caetano é alguém com quem por muitos anos habitei no mesmo espaço, o Centro de Humanidades da UECE, o da Luciano Carneiro, e somente agora o descobri, porque talvez só agora perceba que na sua boca fale o que na minha cala.
Minha linda
Acho que amei além da conta,
Minha linda!
E você me desaponta ainda.
Por que que tem que ser assim?
Eu me comporto
Não causo problemas
Mas quando eu noto
E vou ver
Só porcausa de você
Eu sempre estou atolado em dilemas.
E quando isso acontece
Eu me desespero e digo
Que não a quero mais
Que em seus braços
Ninguém mais me verá.
Mas é só você aqui aparecer
Pra eu me derreter
E em seus braços me atirar.
Paixão fatá
Adispois de muito beijo gostoso
E muito cheiro cheiroso
Nós briguemo
Foi uma briga fatá.
Ela disse acabosse
E eu dise acabosse tudo
Aí nós dois ficou mudo
Sem vontade de falar.
Dispôs xinguemo
Xinguemo
Xinguemo
Cuma se pode xingar:
“Mandinga de cururu,
Baiba de sapo seco!
O Brasil é muito grande,
Dá bem pra nos separar!
Nunca mais quero te ver,
Nem pintada de carvão
Lá no fundo do quintá!”
Ela deu um soluço
E eu dei bem uns quatro
E enfiei o pé no mato.
Dispôs nós se encontremo
Ninguém tentou disfarçar
Eu parti pra riba dela
Com fogo acesso no oiar.
E foi tanto beijo gostoso
E tanto cheiro cheiroso
Que nós se alembremo,
O Brasil é bem pequeno
Nem dá pra nos separar.
Custo-benefício
Para o amor não se faz planos
Nem planilha de custo-benefício
O amor não custa nada
Ser feliz não é difícil.
É só deixar sangrar
É só deixar rolar como faz um rio em seu curso
Que desliza sorrateiro e percorre o mundo inteiro
Apenas com seu impulso.
Não se vive um grande amor
E nem uma grande paixão
Sem se deixar levar pelo coração.
É tratando o amor assim
É dando ao amor o seu verdadeiro sentido
Que surgirá, por fim, a felicidade
A sua cara-metade, o seu bem-querer merecido.
O amor e a gaiola
O amor não se prende em gaiola
Como passarin angola ou canário ou sabiá
Somente pelo prazer de ouvi-lo cantar.
E pode apertar os palitos da gaiola
Que mesmo assim ele escapa e vai embora
Quando ele não quer ficar.
Quando ele quer estar perto de você
Num é preciso amarrar e nem prender
Porque o amor é livre como pássaro.
Ele pode voar por aí o dia inteiro
E se ele quiser voltar, pode dormir sossegado
Que ao amanhecer, ao sol raiar
Ele volta a cantar em seu terreiro.
A fúria da natureza
Maria não se queixe
O mar não tava pa peixe
Soprou um vento forte
Vindo do lado do norte
E a nossa jangada
Deu uma grande virada:
Quebrou o mastro e a tranca;
A vela novinha em folha
Não tá prestando pa nada,
Nem pa ser remendada,
Por mais que você queira tentar.
A virada foi tamanha
Que a jangada emborcou
E tudo que tinha dentro dela
A correnteza levou
Lá po fundo do mar.
Depois de uma hora penada
Nós disviremo a jangada
Fumo pa cima sem nada
E fiquemo à deriva
Tendo só Deus como guia
Nosso grande protetor.
E só depois de passar dois dia
De fome, frio e terror
Numa praia aqui perto
A jangada encaiou.
Inda tivemo foi sorte
De escapar da morte
E salvar a embarcação.
Maria tô muito cansado
Mas me sinto obrigado de sair agora
E percurar o meu patrão.
Vou contar meu sofrimento
Pedir outro adiantamento
E consertar minha jangada,
Pois num posso nem pensar
De perder a temporada
De pargo e de camorim.
Pode ser que desta vez
Deus se alembre mais de mim
E aí a pescaria dê um ôto resutado
E eu volte lá do mar chapado
Lotado de ponta a ponta
Venda todo meu peixe
Apure mais de um milhão
E pague todas as conta
Que eu tô devendo ao patrão.
E o que vai sobrar já tem dono
Pois já vai fazer dois mês
Que você e os menino
Vem se fornecendo de tudo
Na budega de Jerônimo.
Mas não se avexe nem chore, Maria!
Porque vida de pescador é assim
Tem que ter fé em Deus,
Força e muita braveza
Qué praqui e acolá
Saber enfrentar sem medo e sem pavor
A fúria da natureza.
Pétalas brancas
Como duas pétalas
As suas pernas abrem-se outra vez
E eu, devagarinho,
Inicio mais um ritual de prazer.
Roçando as suas coxas
Com a minha barba áspera
E com a ponta da língua
Tentando atingir seu ponto maior,
Seu ponto G.
Com as mãos trêmulas apoiadas
Em seus lindos joelhos
Eu vou abrindo mais e mais você
Pra eu poder encher a minha boca com suas partes
Na minha arte de saber lamber.
E aí eu observo em cima da cama todos os seus gestos
E sem protesto me deixo desfrutar
Gemendo e sussurrando me deixando louco
Como quando todas as vezes que eu vou lhe chupar.
E depois vem agradecida dos meus carinhos,
Das minhas carícias,
Me beijando e me lambendo todo e por muito tempo.
Matando todos os desejos carentes em mim.
E nessa hora eu gosto tanto que eu penso não ter mais fim
Que nós vamos morrer de tanto prazer e de tanto amar
Ou então que ali naquele ninho
A nossa troca de carinho nunca mais vai terminar.