Será que os franceses vão votar em abril num “bolsa-família mais gordinho”? por Capablanca

Benoit Hamon é o candidato do Partido Socialista à presidência da França nas eleições de 23 de abril. Duas de suas principais propostas já são conhecidas. Uma delas é a redução da jornada de trabalho semanal para 32 horas, como medida prática e direta para enfrentar o desemprego cuja taxa já se encontra ao redor dos 10 por cento, elevadíssima. A outra proposta é a criação de uma renda mínima para todo cidadão francês adulto, no valor de 750 euros (mais ou menos 2.500 reais), como forma de reduzir a desigualdade e, principalmente, enfrentar a precariedade.

A Europa toda (talvez a Alemanha seja uma ilha) está em crise desde o ano de 2008, vítima das ondas recessivas da crise bancária que começou nos Estados Unidos, mas que, na verdade, era de todo o sistema bancário que, livre, sem freios, sem regulação adequada e sem fiscalização rigorosa, especulou demais e perdeu além do que podia perder. Bem, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, o sistema bancário foi socorrido, a custos que superaram um trilhão de dólares nos EUA e mais do dobro aos governos europeus.

O remédio aplicado foi a austeridade, o que só aumentou a crise do Estado e a fraqueza dos mercados, gerando desemprego e recessão, e, na ponta, déficit fiscal generalizado. Como o remédio continua o mesmo, a crise vai se acomodando, se isto é possível.

Aqui e ali começam a ajuizar-se alguns atores mais independentes. E novas e surpreendentes políticas e propostas prosperam. Uma delas foi o juro negativo, hoje adotado por meia dúzia de nações européias desenvolvidas. Essa ideia de uma renda mínima garantida a todo cidadão não está em debate só na França e não é uma ideia só dos partidos de esquerda.

As duas heterodoxas medidas são uma resposta possível, necessária e objetiva para evitar que a crise econômica se aprofunde e se transforme em algum tipo de desequilíbrio político ou social permanente. Convém observar como os franceses vão reagir a este “bolsa-família mais gordinho” na hora de votar.

Capablanca

Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.

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Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.