Será o verdadeiro déficit? 170 bilhões, por Ricardo Coimbra

 A nova equipe econômica, composta pelo que o mercado chama de primeiro time de

economistas do país,  Henrique Meireles, Mansueto Almeida, Marcelo Caetano, Carlos

Hamilton e Ilan Goldfjan, lança à sociedade a informação de que a situação fiscal do país é ainda

mais crítica do que se pensava anteriormente.

Contudo o que e como fazer para reverter esse cenário dependerá da força do governo no

congresso. Demonstrando a princípio a busca por implementação de medidas fiscais

contracionistas, dado que parte das medidas, como: a vinculação da evolução dos gastos,

principalmente aos relacionados a educação e  saúde, ao índice inflacionário e não ao
crescimento da receita, o que geraria um congelamento das despesas. Ou seja, seria uma forma

de indexar a evolução das despesas à inflação do ano anterior. Contudo, tal medida deverá ser

via emenda constitucional, e que exige aprovação de 3/5 das duas casas legislativas.

Outra medida se relaciona diretamente ao setor produtivo através do BNDES, como: ao

bloqueio de novos subsídios, sejam eles a agricultura familiar ou ao setor industrial. E ainda a

possibilidade de antecipação de R$ 100 bilhões da dívida com o Tesouro Nacional, que geraria

menos recursos aos setores produtivos. Mais seu grande problema pode ser jurídico, visto que

a mesma poderá ser uma antecipação de receita e ser proibida pela Lei de Responsabilidade

Fiscal.

Se junta a isso, a decretação do fim do Fundo Soberano, vinculado aos recursos advindos do

pré-sal, agregando o equivalente a R$ 2 bilhões. Além da perspectiva de um maior controle das

empresas estatais e dos fundos de pensão através de lei de responsabilidade fiscal específica.

O grande problema e que dias após o anúncio das medidas duras a serem implementadas o

governo começa um pacote de benesses para parte da sociedade. E com interesses dúbios, em

momento de transição, como o reajuste médio dos funcionários públicos em 21,5%, gerando a

perspectiva de gastos adicionais quase R$ 60 bilhões nos próximos 4 anos. A pergunta que se

faz é: quem serão os próximos beneficiados? Serão os governos estaduais? Em situação crítica.

Será essa a forma do governo transitório se efetivar no poder? Buscando acalmar parte

significativa de potenciais críticos? Sem as benesses pensadas, o déficit seria menor?

Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.

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Ricardo Coimbra

Ricardo Coimbra: Mestre em Economia CAEN/UFC, Professor UNI7/Wyden UniFanor UECE/UniFametro, Vice-presidente Apimec/NE, Conselheiro Corecon/CE.