Rumos da economia nas mãos do governo ou da classe política? – HAROLDO ARAÚJO

Partidos de esquerda costumam prometer ganhos salariais para angariar apoios e se sustentam no poder com esse discurso populista e acabam ficando sem escolhas para redução dos gastos nas horas difíceis. As despesas obrigatórias, juntamente com a legislação anacrônica, são fatores que mais contribuem para esse desempenho pífio e indesejado de baixo crescimento. É recorrente a postura reacionária aos cortes de vantagens salariais para sair dos déficits.

O grande equívoco observado no Brasil foi em 2008, no governo Lula, no exato momento em que toda a Europa se obrigava a fazer mudanças, e as fez, sem vacilar, o que agora nos conscientizamos da sua necessidade. Todos os países sabiam da liquidez a ser criada para socorrer as economias de então. Aquele era o momento para as correções, ajustes e reformas e diálogo com a sociedade. No Brasil, olvidamos e desdenhamos as escolhas e conselhos.

Bolsonaro, com todos os poderes que dispõe, dizer-se voltado para a defesa da economia do país e do restabelecimento da confiança nos negócios, não tem sido convincente para chegar ao objetivo:  Promover o crescimento do PIB. É preciso que haja engajamento da sociedade como um todo, para que se possa dar sustentação às medidas imprescindíveis a consecução destes fins. Vale ressaltar que todos apoiam os sacrifícios para os outros, mas não para si próprio

Por certo, o atual governo cumpre sua missão, todavia precisa buscar primeiro a estabilidade financeira. O referencial de todas as transações no setor real da economia é a moeda oficial, no caso do Brasil, o Real. Isso depende de ações que façam com que todos confiem na moeda do país como pagamento, através do fortalecimento das finanças brasileiras. Diferente de componentes da zona do EURO, podemos conciliar com política fiscal própria, decidida aqui.

Há mais de uma década que a Europa fez as reformas e trilha o caminho do enquadramento à união fiscal. Sabe-se que esse é um dos mais graves obstáculos ao sucesso daquela união, que parecia ir muito bem até à união monetária: ainda acho que estamos melhor do que cada um dos integrantes. O Banco Central Europeu (BCE), não tem uma ação correspondente à situação fiscal de cada país. Sabemos que a situação fiscal de cada um é diferente e o BCE é um só.

Os juros no Brasil estão bem de longe de ser zero ou negativo, assim como acontece em nações consideradas em estágios que ainda não alcançamos de nações desenvolvidas. Nosso governante conta com a força das instituições e com a força da democracia, podendo trabalhar no sentido de criar ambiente compatível com a nossa própria estrutura e conjuntura econômica, interna ou externa. O BACEN faz política exclusiva de um país, situação fiscal e moeda única

A política de blocos vem fazendo água e as nações que pensavam estar diante de uma política bem definida, estão começando a sentir os efeitos da mudança de rumos com a indecisa guerra comercial entre Estados Unidos e China. Há uma mudança mais complexa que depende de entendimento entre nações econômica e financeiramente diferentes, mas integradas no mesmo bloco econômico. A roda girou, o mundo mudou e as economias precisam de políticas próprias

O Brasil sabe que o cenário dos negócios externos não está bem definido e sabe que sua maior dificuldade para oferecer a decantada estabilidade econômica depende da solução de equações com variáveis de igual número e bem definidas internamente. Por sorte esses fatores dependem exclusivamente da boa vontade política. A solução financeira está no forno e à cargo de um sistema financeiro sólido, saneado e bem gerido por BC que trabalha para um só país o Brasil

O caminho da estabilidade econômica passa pela estabilidade financeira e essa pelo saneamento de nossas finanças e que só depende da nossa classe política para decidir o rumo.

 

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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