Reforma política ou reforma dos políticos, por Haroldo Araújo

Durante muito tempo os políticos contavam com um certo grau de distanciamento do povo. Uma comparação da atitude em dois momentos : Antes e depois do pleito, os fatos e as fotos mostram em jornais e em imagens da televisão no período eleitoral, momento em que os eleitores fazem SELFIES com os candidatos , que por sua vez buscavam aproximação em qualquer lugar que estivessem propositadamente ou não. Por essa razão, não posso afirmar se os políticos é que se distanciavam depois de eleitos ou o contrário.

Acontece é que a classe política vem sendo cobrada por promessas não cumpridas e por comportamentos inadequados ao esperado pelo eleitor, a exemplo de os eleitos sequer cumprirem o mandato e se integrarem à equipe de gestão do poder executivo a que deveria fiscalizar como parlamentar eleito que foi com essa missão, também.

A necessidade de transparência é também um forte desejo da sociedade e acompanhada de simultâneas transmissões de sessões na “Câmara e no Senado”. As reuniões nas comissões e no plenário não deixam dúvidas acerca do que pensam os parlamentares, são transmitidas ao vivo e sem direito à correção de erros cometidos ou colocações indevidas.

As agendas dos ministros são documentos do Poder Executivo e que registram os visitantes e os temas debatidos, assim como as câmeras postadas na entrada dos gabinetes de grande maioria de repartições trazem as imagens que contêm a data e horário em que os visitantes buscaram aquela pasta específica de governo.

Em nosso entendimento, um parlamentar não deveria assumir uma pasta de ministro sem que primeiramente renunciasse ao seu mandato, por que? Porque o seu suplente não terá autonomia para a realização de um trabalho de forma independente do que pensa o titular que passa a acumular poderes no legislativo e no executivo. Evidente que o vai e vem oportunista não é saudável à busca de uma democracia que todos desejamos de independência dos poderes.

Imagine então se podemos aceitar que façam o que fizeram vários ministros ainda recentemente no governo que sofre impeachment! Alguns ministros que não vou citar, até porque não é o caso de fazer denúncia neste espaço, mas nosso objetivo é mostrar caminhos que não devem ou não deveriam ser seguidos e exemplifico a seguir. A solução ao invés da crítica!

Os ministros eram afastados de seus cargos em dia de votação importante, não sabemos se registravam-se renúncias provisórias ou algum ato da Presidência da República referendava a legalidade do afastamento. No dia da votação o ministro assumia o lugar de seu suplente que não poderia votar e logo após ter votado [na ocasião escrutínio] , de imediato retornava para o seu posto efetivado no Poder Executivo e novamente (não sei por qual ato) se efetivava como ministro. Assim como uma gaveta que abre e fecha e depois abre novamente.

Comenta-se a necessidade de se fazer uma “Reforma Política” e se considera também tão importante que tem sido considerada como a “Mãe das Reformas”. Sempre que falam nessa mudança, surge também a criação de uma comissão e a “Reforma” que surge é a eleitoral !

Costuma-se confirmar o desgaste da gestão pública, e, assim mesmo ninguém se toca e o que se configuraria uma farsa (foi pública e notória) , também não vai dar em nada e acaba nos folhetins de cordel o mais popular do povo: Ao se criar uma comissão para analisar, é porque não se deseja fazer e diz-se que a montanha vai parir um rato.

Acredito que o governo que assumir após a votação do impeachment, qualquer que seja ele, não poderá fugir do problema, uma vez que são inúmeras as críticas ao atual modelo e que tem sido um dos pontos que todos prometem com certeza antes das eleições e não cumprem como sem falta depois de aberta as urnas.

Desconheço quem realmente tenha intenção ou vontade de mudar e sair da zona de conforto. O Brasil não suporta tanto desprezo pela moralidade e o que se percebe é que vira escárnio e com isso perdem os dois! O político e eleitor e o Brasil vai junto. Esse é apenas um exemplo e poderemos denunciar outras formas encontradas de driblar a legislação, porque o que entendo e que votações no Congresso deveriam ficar a cargo do parlamentar e não de ministros.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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