Redes sociais e política , por Gilvan Mendes

Não precisa fazer muito esforço. Basta entrar em uma rede social para ver pessoas em discussões apaixonadas sobre política. Alguns desses debates são relevantes , trazem dados e argumentos sobre o assunto investigado. Intelectuais renomados como Leandro Karnal , Renato Janine Ribeiro e Mário Sergio Cortella  estão sempre presentes nos fóruns virtuais , praticamente ficaram conhecidos por lá , aumentando o nível das disputas ideológicas e ”ensinando” como ser educado e embasado em uma conversa com teor político. Infelizmente , nem todos seguem cartilhas de civilidade e respeito pelo próximo na internet , e isso diz muito sobre nossa vida coletiva.

A internet entrou no palco mundial  nos anos 90. De lá para cá as tecnologias se aperfeiçoaram e a web se tornou parte da vida de todos nós. Até meados dos anos 2000 , persistia aqui no Brasil os Cybercafés  ou as casas com acesso à internet , onde se pagava para acessar a rede , atualmente o internauta na maioria das vezes entra nFacebook e no email pelo celular , sem complicações. Antes, política e temas sociais só eram debatidos na família, pela mídia ou por professores em sala de aula. Hoje em dia qualquer um que saiba ler tem o conteúdo que quer na palma da mão , fruto da democratização promovida pelos novos meios dominantes de comunicação. Ninguém mais necessita de uma autorização para pensar , o que é positivo. Isso e outras variantes , sem dúvidas contribuíram para um incentivo maior para se debater assuntos políticos. 

Quanto mais gente falando e dando opinião , menos raciocínio e mais tribalismo. Grupos se formam e entram em uma ”guerra santa” contra quem pensa diferente. Notícias falsas , escândalos e fatos adulterados se reproduzem com facilidade. O outro é o inimigo , seja ele petista , tucano , feminista ou neoliberal. Se inicia um verdadeiro circo de horrores , sem limites e consciência. Terreno fértil para fundamentalistas de todos os tipos 

De certa forma , tudo isso explica o que é o Brasil. Somos uma nação e um povo que pouco teve democracia em sua trajetória de vida. Autoritarismo , violência , intolerância com o diferente e falta de embasamento nos discursos , tudo isso faz parte do que somos. Não é por nada que quebramos recordes negativos de agressão contra mulheres , negros , homossexuais e idosos. É difícil crer que quem vive em um lugar com essas problemáticas , vai ser sereno e racional nas redes sociais.  

A mudança no mundo virtual começa pelo mundo real. Quando entendermos isso , refinaremos nosso discurso e almejaremos um futuro mais factível. Que assim seja.      

Gilvan Mendes Ferreira

Cientista social graduado pelo Universidade Estadual do Ceará-UECE, com interesse nas áreas de Teoria Política , Democracia e Partidos Políticos.

Mais do autor

Gilvan Mendes Ferreira

Cientista social graduado pelo Universidade Estadual do Ceará-UECE, com interesse nas áreas de Teoria Política , Democracia e Partidos Políticos.