Os norte-americanos costumam usar uma frase para ajudar a esclarecer fatos mais intrincados na política, ou no ponto de encontro da política com as questões de dinheiro, mormente quando a situação se mostra um pouco mais complexa, e a maioria das pessoas perde a visão da floresta e só vê as árvores. Eles dizem: “Siga o dinheiro”.
Isso mesmo, os assuntos da política somente ganham concretude no mundo dos interesses mesquinhos (embora legítimos) relacionados a dinheiro. Não se enganem, os parlamentares se movimentam na tribuna e nas negociações mais discretas sempre em busca de atender demandas de grupos poderosos. Não faz sentido pensar que este é um processo sempre criminoso. Não, isso é política. E política é um jogo que busca o poder. Uma vez conquistado, o poder é dividido com aqueles que estão ou estiveram ao lado do vencedor. Ou é articulado e usado para favorecer suas teses ou seus interesses.
Depois de conquistado, o poder precisa ser mantido. E uma nova luta se configura, porque aconteceu uma mudança, é a dança das cadeiras. Ninguém de bom senso abre mão de poder, ninguém de bom senso abre mão de ampliar seu poder, ou de pelo menos mantê-lo.
Agora, feita a troca de guarda no poder, o observador deve colocar seus olhos nos movimentos de dinheiro. Dinheiro graúdo no Brasil circula pelas tesourarias do Banco Central, pelas reservas e subsidiárias da Petrobrás, pelas intrincadas relações das concessionárias de serviços públicos (leia-se Cedae, leia-se Oi, por exemplo) e por negócios das empreiteiras num país em construção. Além disso, é preciso poupar os cofres públicos dos gastos sociais (previdência, principalmente) e dos gastos com serviços essenciais (educação, saúde, segurança).
Pronto. É isso. Quer entender o que está acontecendo? Siga o dinheiro.