O AUTOR
Dimas Macedo é poeta, jurista, crítico literário. Professor da UFC
A PUBLICAÇÃO
O livro CODICIRIO, de autoria de Dimas Macedo, foi publicado em 2018, pela Edições Poetaria, com 85 páginas, prefácio de Rodrigo Marques.
CIRCUNSTÂNCIAS
Dimas Macedo, o poeta, já estava devendo a seus leitores desde 2012, e pagou a dívida com CODICIRIO (palavra não dicionarizada) em 2018, com lucro, pois a publicação abre uma janela panorâmica luminosa sobre o autor e sua trajetória. O livro junta versos novos e antigos, traz a palavra dos críticos literários e ajuda a ler e a perceber a singularidade e a compreender a profundidade da poesia.
A IMPORTIANCIA DO LIVRO
Dimas Macedo coloca-se entre os autores que entregam tanto mais beleza quanto mais se lê sua poesia. Precisa reler sempre para encontrar novos recados, novos significados. Na palavra do editor Geraldo Jesuíno, a primeira leitura é de embriaguês, a segunda para achar o caminho de volta, a terceira e a quarta para o deleite nas palavras, nos sentidos, nas melodias e nos ritmos cheios de suíngue. E assim segue. Os versos ganham, então, o poder do efeito espelho, o leitor entra e se encontra nas entrelinhas e, se não tiver cuidado, pode perder-se e julgar que é o dono dos versos.
O LIVRO
CODICIRIO apresenta 38 poemas de Dimas Macedo. A obra oferece a leitura de um diálogo entre o autor e o editor (Geraldo Jesuíno, é dele o charmoso projeto gráfico do livro) sobre versos específicos que ajudam o leitor a penetrar mais fundo na alma das palavras e na sua musicalidade. Traz ainda o livro trechos da crítica literária de Hildeberto Barbosa Filho, Dias da Silva, Batista de Lima, José Alcides Pinto, Francisco Carvalho, Erorci Santana e Rodrigo Marques.
Todas as marcas fortes do autor estão presentes no livro: o erotismo, a exaltação do amor e da liberdade, o Rio Salgado e sua infância. Eros e Tanatos andam de mãos dadas na obra de Dimas Macedo, que também passeia suas rimas pelos encantos de belas cidades do mundo (‘y compris’ Lavras da Mangabeira).
CURTAS
“…no verso
finjo que sou feliz
e no verso desmorono…” (do poema OFÍCIO)
“…sexo no convés
da embarcação…
Sexo-compulsão
ou em desconforto
sexo no saguão
do aeroporto…” (do poema SEXO)
“…está na minha pele
e, se quiseres,
te cobrirei de beijos
e farei da tua solidão
a minha casa…” (do poema BILHETE)
“…e o teu corpo pede mais:
os vegetais
dos teus olhos,
os minerais
dos teus seios
e os animais
do teu colo…” (do poema NERVOS)
“…Que chovam sobre mim
espadas de dilúvio
Que caiam sobre mim escuridões,
sou claridade dissipada
em tardes de amor e liturgia…” (do poema CLARIDADE
“…Viver a arte da vida, viver de cicatrizes,
buscar nossas origens
e deixar de ter vontade:
eis toda a liberdade do corpo
eis toda a transcendência da alma…” do poema (HUMILDADE
“…Sou feliz por te amar,
morro sempre que te vejo,
leio em teu corpo o desejo
de poder ressucitar…” (do poema VIRTUDE)
BONS MOMENTOS
“…No meu ouvido
eu sinto uma linguagem,
eu faço uma viagem
nos teus pelos.
Abriram-se uns lábios
e os teus lábios tremeram
e os meus lábios salgaram
a ostra do teu corpo…” (versos de LIBIDO)
“…Segurei a haste da caneta
assim como meu pai sustetava
o cabo da enxada
e fui deslizando entre letras,
feliz com meus latifúndios…” ( do poema OBLÍVIO)
“…e descem sobre a noite
os frutos do corpo
e uma dança de signos
me morde o tornozelo…” (do poema ADEGA)
“Não quero que me sigam,
Não quero que me matem,
Não quero que sangre
a minha sobrevida.
Na alma uma ferida,
a dor atravessada,
a paz interditada,
a vida não vivida…” (versos de FIBRA)
“…Soterrados pelos exploradores
encerram suas dores
no pântano dos objetos desbravados
Despossuídos e espoliados
Sonham com o verde da vida
e ruminam o sobejo da usura…” (versos de JANGURUSSU)
“…E a fauna está em fogo,
e a flora está à cinza,
e a terra esturricada.
E a rosa do desejo,
nas águas da cacimba,
está quase despida,
e meu corpo é quase nada.
E ao longe, a flor do pasto…” (versos de F’OSSO)
“…Somos amantes no fio do cabelo
e no degelo de nossa substância.
E quanto mais distância,
mais secretamente te busco
qual um lobo voraz,
assim como me buscas,
desesperadamente,
quando silencias…” (versos de SECRETO)