A AUTORA
Graça Roriz Fonteles é escritora, professora e presidente da Academia Fortalezense de Letras (AFL).
A PUBLICAÇÃO
O livro “A Casa Amarela”, de autoria de Graça Roriz Fonteles, foi lançado em 2023, com 136 páginas, pela Expressão Gráfica e Editora. Prefácio de Batista de Lima. Orelhas de João Soares Neto.
CIRCUNSTÂNCIAS
A Casa Amarela é o lugar no mundo de uma família, onde o entra e sai vai guardando, acumulando e contando uma longa e humana trajetória. Os personagens estão todos conectados por laços de amor e benquerença. E o tempo vai correndo e os fatos vão acontecendo e as pessoas vão sentindo e mudando. E a Casa tudo vê e tudo parece sentir.
A IMPORTÂNCIA DO LIVRO
Graça Roriz Fonteles deu vida, voz e emoção a um tempo, a um lugar e a uma família. A autora impede o apagamento da mundo dessa Cada Amarela. Sua prosa traduz um jeito de ser, de olhar e de escrever que merece ser visto, avaliado e sentido.
O LIVRO
Graça Roriz Fonteles estruturou seu livro em vinte partes. São crônicas breves, escritas em carinhosa prosa poética.
A autora faz uma delicada seleção de autores e usa deles frases curtas, em citações formais encaixadas na sua narração.
O livro inteiro tem um estilo singular e um ritmo suave, em plena sintonia com a história e com a linguagem escolhida.
CURTAS
“…A casa amarela era feita de raios de sol e ela nos conduzia ao romper da Aurora, quando ouvíamos o canto dos passarinhos, ao mesmo tempo em que ela nos fazia viajar…
“…A maturidade faz-se forte e adentra a casa, todos os cômodos, e se faz presente nas ausências.
“… O desejo de sair em busca da realização dos sonhos é a mola mestra que nos impulsiona para abrirmos a porta de saída da casa.
“… Na sua casinha só havia lamparina a querosene, que eles andavam alguns quilômetros para comprar.
“… Colocou um aparelho que comunicava o Palácio com os ministérios. O Brasil foi o segundo país do mundo a ter telefone.
“… A absorção de todo o arco-íris que ilumina os céus fica simplificado em uma combinação como o buraco negro que atrai tudo para si.
BONS MOMENTOS
“… A imaginação e o sonho amplificam a visão. Falam mais alto que as palavras. Voltamos às origens e a nossa tentativa não significa que vamos viver de passado,mostra que não o desprezamos. Que devemos reverenciar nossos antepassados. As lembranças se atropelam. Após os segundos de reflexão, o amor bate à porta de minha alma.
“… Sorrateiramente a juventude vai diminuindo. As lágrimas a acompanham enquanto a conjugação das estações se processa. Dentro da casa se encontra nossa alma que, quando em vez, procura o portão do retorno ao ontem só para se aconchegar nos braços invisíveis da árvore da saudade que cresceu e criou profundos raízes em nossos corações.
“… O cotidiano de dias ensolarados e noites de pleno luar, com os luminares a adornar essas madrugadas frias e a aquecer nosso coração de amor, levado pelos vendavais, acidentes de percurso que fazem parte da vida, e nos espreitam, e arrebatam nossos sonhos, mudando a rota. A pergunta que às vezes chega a me incomodar chega devagarinho e fica martelando no pensamento: se você pudesse viver sua vida novamente?
“… Uma de nossas brincadeiras prediletas era a de desafiar uns aos outros com versos. Era um divertimento muito interessante. Eu iniciava, e meu irmão respondia. Ele era afiado nas respostas. Dizíamos versos alternadamente. Quanto maior a turma para dizer versos, mais divertido ficava. A risada era geral.
“… Cerro meus olhos, tudo passa em câmera lenta. É um filme que se repete quer eu esteja despertada ou dormindo. A casa guarda muitos segredos, que devem ser revelados para seus herdeiros. Ela está só, porém precisa de companhia, precisa ter uma vida pulsando dentro dela. Ela não foi construída por meu pai, mas permaneceu como seu fiel abrigo até o momento de sua partida.
“… O chão reluzente, qual luzeiros de mosaicos coloridos e variados, vai se movendo por linhas tortas entre curvas e desenhos geométricos e, com sua linguagem cifrada, tem o propósito de despertar minha atenção. E consegue. A geografia dos mosaicos é muito peculiar e ativa minha memória. Tantas vezes me vi contando os mosaicos iguais.