Por que juros negativos na Europa e Japão e tão elevados no Brasil?, por Luís Eduardo Fontenelle Barros

A adoção de juros negativos pelos bancos centrais da Comunidade Europeia e Japão tem atemorizado o mercado financeiro mundial. Principalmente quando a Presidente do FED admite a possibilidade de adotar a mesma medida nos Estados Unidos.

O mercado alega que os bancos europeus, em especial, não têm capacidade financeira para absorver esse custo do dinheiro parado! Ora, cabe perguntar: Por que não emprestam esse dinheiro e dão uma contribuição para minimizar o insipiente crescimento mundial? O medo de perder é tão grande que preferem pagar para manter o dinheiro seguro? A desconfiança na recuperação de suas economias é tanta que preferem não emprestar? O fato é que, na escolha entre o que é bom para os bancos e o que é bom para a economia, os bancos centrais civilizados preferem proteger a economia.

Essas questões assumem relevância fundamental, quando comparamos com o Brasil. Aqui, mesmo, com a recessão sendo anualmente comprovada pelos números do próprio Banco Central, os juros são positivos e crescentes. Comportamento recorrente ao longo do tempo, confirmando que o Banco Central prefere mais proteger os bancos do que a economia. E nós, nem sequer ladramos enquanto a carruagem passa. A quase totalidade dos economistas e estudiosos do mercado continuam dizendo que os juros deveriam era subir mais para fazer de conta que estaríamos controlando a inflação. Quando sabemos que a inflação também está bastante elevada e sem controle.

Penso que já é hora da sociedade brasileira começar a reagir a essa unanimidade, rodriguianamente burra. Todo mundo está constatando que crescer é imprescindível. Para o Governo, as empresas e os empregados. Sem crescimento não temos receitas em canto nenhum e todo mundo perde.

Já é hora, no meu entender, de alguém pensar – séria e competentemente – em como podemos retomar o crescimento o mais breve possível. E, uma das medidas cabíveis seria colocar como missão do Banco Central do Brasil não só controlar a inflação como também assegurar o crescimento.

Em momentos de crise, todos nós sabemos, com base nas contas pessoais, que a primeira medida é cortar o que não for indispensável. A maioria das famílias e empresas está fazendo isso, razão da queda do consumo. Mas, não percebemos isso na gestão pública. E a economia brasileira não suporta mais esse descaso com a lógica elementar. Do jeito em que as coisas estão, caso não haja uma mudança significativa das decisões governamentais, teremos que torcer para que Deus realmente seja brasileiro!

Luís Eduardo Fontenelle Barros

Economista e consultor empresarial.

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Economista e consultor empresarial.