Por que a saída de Salles não traz alívio à questão ambiental?

“O brasileiro não tem um minuto de paz”. Essa é uma expressão muito utilizada pelos próprios brasileiros, visto que ela ilustra muito bem o sentimento de constantes mudanças abruptas no cenário político-social. E por falar nisso, tivemos semana passada mais uma mudança de cenário, desta vez no Ministério do Meio Ambiente, com a exoneração de Ricardo Salles, agora ex-ministro da pasta. Tal notícia causou rápida repercussão nas redes, gerando uma onda de comemoração por parte de ambientalistas, ecologistas, indígenas e demais seguimentos sociais que prezam pela preservação da natureza e dos povos indígenas. Afinal, Salles representa uma enorme ameaça à vida ambiental e sua permanência à frente da pasta, traria devastadoras consequências.

No entanto, a comemoração não pôde ser por muito tempo, pois logo de imediato à sua saída, foi anunciado o nome de seu substituto, e baseado em seu perfil, diria que a previsão não é nada animadora. Vejamos sua ficha:

“Joaquim Álvaro Pereira Leite foi conselheiro por mais de 20 anos da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das organizações que representam o setor agropecuário, entre 1996 e 2019. A SRB apoia a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), conhecida como bancada ruralista, grupo composto por mais de 200 deputados federais e senadores, e vinha demonstrando apoio à gestão de Ricardo Salles, defendendo publicamente sua permanência à frente do ministério, após a divulgação da reunião ministerial em que Salles afirmou que pretendia ‘passar a boiada’, flexibilizando normas de proteção ambiental. Joaquim Álvaro Pereira Leite integra uma família tradicional de fazendeiros de café de São Paulo que pleiteia um pedaço da Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo. Segundo um documento da Funai (Fundação Nacional do Índio), capatazes a serviço da família chegaram a destruir a casa de uma família indígena ao tentar expulsá-la do território reclamado.” (Fonte: G1 & BBC).

Bom, como podemos observar, o cenário esperado não é dos melhores, diria até que será bastante assustador e desafiador. No entanto, isso não é surpresa nenhuma, afinal não seria esperado nada de diferente vindo deste governo, que tem compromisso com o ecocidio do meio ambiente e genocídio dos povos indígenas e quilombolas. 

Resta saber agora, se Salles vai se safar de seus crimes, visto que o ex-ministro é alvo do inquérito, autorizado pelo Supremo, por supostamente atuar em um esquema de extração e venda ilegal de madeira. 

Só esperamos que sua saída seja direto para a cadeia…

 

Por Dalila Martins

Dalila Martins

Maria Dalila Martins Leão é Eng. Agrônoma pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e atualmente é Mestranda em Agronomia/Fitotecnia pela mesma instituição. Amante da natureza e entusiasta na luta pela Emancipação Humana e Ambiental!

Mais do autor

Dalila Martins

Maria Dalila Martins Leão é Eng. Agrônoma pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e atualmente é Mestranda em Agronomia/Fitotecnia pela mesma instituição. Amante da natureza e entusiasta na luta pela Emancipação Humana e Ambiental!